Um estudo realizado pela Universidade de Queensland, na Austrália, mostrou que ambientes de trabalho que incorporam plantas na decoração são capazes de aumentar a produtividade em 15%, além de deixar os colaboradores mais felizes. 

A edição mais recente do Relatório Mundial de Saúde Mental, um levantamento anual da Organização Mundial da Saúde, publicado em junho do ano passado, mostrou que de um bilhão de pessoas que viviam com algum transtorno mental em 2019, 15% dos adultos em idade ativa sofreram um transtorno mental. O levantamento alerta para o impacto do trabalho nesses dados, uma vez que a rotina profissional tende a amplificar questões sociais mais amplas que afetam negativamente a saúde mental, incluindo discriminação e desigualdade.

O bullying e a violência psicológica (também conhecidos como “mobbing”) são as principais queixas de assédio no local de trabalho que têm um impacto negativo na saúde mental. No entanto, discutir ou divulgar a saúde mental continua sendo um tabu nos meios de trabalho em todo o mundo.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 18,6 milhões de brasileiros sofriam de ansiedade em 2019 no Brasil, isso representa mais de 9% da população do país e o colocava como líder no ranking de países com maior número de ansiosos. Além disso, dados também da OMS mostram que 90% da população do mundo sofre com estresse e segundo a Associação Internacional do Controle do Estresse (ISMS), o Brasil é o segundo país no ranking global. 

Esses números mostram que é preciso repensar condutas e comportamentos para entender o que tem levado a saúde mental à cenários tão alarmantes. Muitos fatores internos contribuem para essa realidade, mas a influência externa também tem efeito na situação, como ambiente de trabalho, em casa, na vida cotidiana e urbana. 

Levando em consideração a imensa parcela de pessoas que passam a maior parte do tempo em espaços fechados, como escritórios e residências, é lógico entender que esses ambientes contribuem para o desenvolvimento dos distúrbios psicológicos e mentais. 

Uma pesquisa da Universidade de Exeter observou dados de saúde e estilo de vida de cerca de 20 mil pessoas na Inglaterra, a fim de identificar se o contato com a natureza durante a rotina teria impacto em sua saúde física e emocional. Os resultados mostraram que o contato com elementos naturais de fato promove alívio à mente. De acordo com os cientistas, pessoas que passaram pelo menos 120 minutos por semana em áreas verdes obtiveram, de forma significativa, uma menor propensão a desenvolver doenças e apresentaram maior bem-estar psicológico.

Os pesquisadores garantem, ainda, que os benefícios se estendem àqueles que os benefícios se estendem ainda aqueles que aproveitaram o tempo em intervalos espaçados. Ou seja: mesmo que seja por poucos minutos diários, de forma cumulativa, os efeitos são benéficos.

Arquitetura biofílica

Quando a busca pela vivência em ambientes com elementos naturais passa a ser preocupação da arquitetura, entra em cena o conceito de Design Biofílico. O termo biofilia é a junção de duas palavras do grego antigo: philia que significa amor ou inclinação a algo e bios, que significa vida. Ou seja, a biofilia seria o “amor às coisas vivas”, amor pela natureza. 

Esse conceito ganhou mais amplitude e repercussão nos últimos anos, mas é uma técnica que já era usada nos anos 60. Nos anos 80, o biólogo Edward O. Wilson popularizou o termo fazendo uma forte crítica sobre como a urbanização promove uma desconexão com a natureza. O Design Biofílico é aquele que valoriza e implementa nos projetos o maior contato possível entre a construção, o morador e a natureza. 

De acordo com o arquiteto contemporâneo Jordano Valota, o conceito de projetos com traços mais naturais sempre existiu, contudo essa adesão foi impulsionada pela pandemia da Covid-19 e seus efeitos na vida das pessoas. 

“Como as pessoas começaram a passar mais tempo no convívio de casa, a percepção sobre como a arquitetura tem um papel na criação de um ambiente relaxante, que estimula o bem-estar físico e mental, se consolidou fazendo crescer o interesse por esse tipo de projeto”, afirma o arquiteto. Jordano destaca que a biofilia em arquitetura pode estar expressa desde o uso de paisagismos internos, quando no aproveitamento de recursos como iluminação natural e ventilação. 

Conforme pesquisa da americana Consumer Reports, pessoas que passam mais tempo em contato com a luz natural podem ter uma produção maior de serotonina, hormônio responsável pela sensação de bem-estar, humor, sono e apetite regulados.

“É esse tipo de informação que o arquiteto pode considerar na hora de idealizar projetos que são pensados para além do estético e funcional, mas também com preocupação na qualidade de vida de quem irá morar ali”, enfatiza Valota.

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