Iniciativa espera elevar confiança em investimentos de energia sustentável e eficiência energética, especialmente para pequenas e médias empresas.
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) lançou um novo produto financeiro para pequenas e médias empresas que queiram investir em projetos de energia solar distribuída e eficiência energética. A solução une linhas de créditos concessionais de US$ 25 milhões e uma cobertura securitária para riscos de desempenho.
As linhas de crédito, metodologias padronizadas de análise de projeto e o seguro garantia de eficiência energética fazem parte de um conjunto de mecanismos de balanceamento e mitigação de riscos, fruto do Programa de Eficiência Energética Garantida (em inglês, Energy Savings Insurance (ESI)) – uma iniciativa regional do BID que pretende estimular investimentos privados em sistemas de geração renovável e em mecanismos de uso eficiente da energia, como estratégia para a redução de custos e de impactos ao meio ambiente.
Estudos recentes indicam que o setor industrial brasileiro poderia economizar R$ 4 bilhões ao ano com a adoção de tecnologias mais atualizadas em processos de resfriamento, climatização, compressores de ar, motores e sistemas de vapor e cogeração de energia.
O desafio é aumentar o investimento privado em projetos de eficiência por meio da maior conscientização dos investidores quanto às reais vantagens da implementação dos projetos. Para isso, ações foram desenvolvidas para aumentar a confiança dos investidores sobre os resultados econômicos projetados, minimizando o risco de que a economia de energia não se concretize e dando alternativas de cobertura de perdas caso a redução nos custos não ocorra.
O seguro garantia de eficiência energética disponibilizado pela AXA Brasil Seguradora, por exemplo, é similar aos contratos de performance oferecidos pelo mercado segurador brasileiro. O investidor é indenizado caso o contratado não alcance a economia o resultado esperado. Ao garantir que o investidor não perderá dinheiro em caso de desempenho inferior, o seguro garantia de reduz o risco mais evidente dos projetos de geração solar distribuída e eficiência energética.
Além disso, grande parte dos fornecedores, prestadores de serviços e integradores tem capacidade limitada de tomar financiamento para grandes projetos.
“Nesse modelo, o pagamento das parcelas do financiamento é realizado pelas empresas-clientes à instituição financeira e não pelo fornecedor como em um modelo tradicional de serviços de conservação de energia, sendo produto da economia energética gerada”, explica Maria Netto, especialista em mercado de capitais do BID.
“Uma vez que o principal risco esteja mitigado, esperamos que mais empresas possam conhecer e se beneficiar dos investimentos em eficiência energética”, complementa.
Mercado mais confiável
O Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e Goiás Fomento – todos parceiros nesta solução – são responsáveis por implementar estratégias financeiras sob medida para suas instituições e para os mercados que atendem, o que inclui análises de viabilidade, avaliação de tecnologias e de mercado, assim como planos de negócios e de implementação, entre outros elementos.
Já a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) tem a missão de acreditar fornecedores, prestadores de serviços e integradores, bem como validar os projetos, assegurando que as metodologias sejam respeitadas e que a instalação dos equipamentos e medição de economia energética ocorram de acordo com as premissas contratadas.
Por meio de todas estas atuações, o BID espera que a iniciativa crie um mercado mais confiável, para que pequenas e médias empresas encontrem conforto para a tomada da decisão de investimento em geração e uso sustentável de energia.
O programa também busca promover uma atuação mais positiva dos fornecedores, prestadores de serviços e integradores em prol do desenvolvimento desse mercado e, por conseguinte, o acesso a financiamento para alavancar investimentos.