Brasil 22/2/2022 – O plástico não é o vilão. A sociedade, necessariamente, precisa aprender a tratar de outra forma esse recurso que pode retornar inúmeras vezes, em diversas form

Cerca de 350 mil copos usados por atletas na prova dão origem a lixeiras e caixas separadoras; para especialista, ação reforça importância da economia circular

Início de ano é época de trocar o que está velho e sem utilidade por itens novos. Isso tem sido possível em muitas entidades públicas do Estado de São Paulo graças à reciclagem. Em especial, aos milhares de copos usados pelos atletas da Corrida Internacional de São Silvestre que, em vez de virarem lixo, dão origem a objetos úteis.

A mais famosa corrida de rua brasileira, realizada no último dia do ano em São Paulo, contou com ações de reciclagem em suas edições mais recentes. Na 96ª edição, realizada no fim do ano passado, os copos plásticos foram destinados à produção de 10 mil caixas organizadoras. Já na 95ª edição, de 2019, os copos viraram 1.800 lixeiras doadas para escolas públicas, impactando cerca de 120 mil alunos. A prova não foi realizada em 2020 devido à pandemia de Covid-19. 

O caso da Corrida de São Silvestre ilustra bem quando a reciclagem é a melhor forma de lidar com grandes quantidades de lixo. A organização da prova estima que 350 mil copos de água são consumidos ao longo do percurso de 15 quilômetros pelas ruas da capital paulista. A produção desse resíduo, assim como de garrafas, é praticamente inevitável, já que em corridas e maratonas, o produto é o mais apropriado para ser usado pelos atletas que precisam ingerir água de forma rápida e segura. 

“O plástico não é o vilão. A sociedade, necessariamente, precisa aprender a tratar de outra forma esse recurso que pode retornar inúmeras vezes, em diversas formas, com diferentes utilidades ao mercado, evitando assim a colocação de mais materiais no ciclo produtivo”, comenta Alexandre Garfinkel, diretor da Brasalpla, empresa que apoia o Movimento RePense o Plástico.

Na ação realizada na São Silvestre, os copos descartados são recolhidos por mais de 200 voluntários e transportados para uma unidade de reciclagem. Lá, eles são beneficiados com a retirada do lacre e transformados em matéria-prima para a confecção de novos produtos. A iniciativa é feita pela ONG Movimento Plástico Transforma em parceria com a Fundação Cásper Líbero e a Yescom. 

Para o especialista da empresa em parceria com o Movimento RePense o Plástico, ações de reciclagem reforçam a ideia de economia circular e a importância do descarte adequado do lixo. “Permite desmistificar e trazer à tona as possibilidades em que o plástico pode voltar à sociedade como material versátil e durável. A circularidade dessa matéria-prima e de outras várias dependem de nos dedicarmos a convencer todos à nossa volta sobre a importância de dar uma nova ‘vida’ ao plástico”, afirma. 

Reciclagem de plástico no Brasil é baixa

Ações como a realizada na Corrida de São Silvestre são muito bem-vindas em um país que recicla pouco o plástico jogado no lixo. Segundo dados da WWF Brasil, dos 11,3 milhões de toneladas de plástico gerados em território nacional em 2019, apenas 145 mil foram recicladas – o equivalente a mero 1,3%. Com isso, o país fica bem abaixo da média global de reciclagem de plástico, de 9%. 

O Brasil é o quarto maior produtor de lixo plástico no mundo, atrás de Estados Unidos, China e Índia. “O destino mais comum do plástico é o descarte descuidado, infelizmente”, diz Alexandre. 

Um setor que vem apresentando números mais esperançosos de reciclagem é o dos produtores de garrafas PET. De acordo com a Abipet (Associação Brasileira da Indústria do PET), em 2019 o Brasil reciclou 55% das embalagens desse tipo. Trata-se de 311 mil toneladas de plástico reciclado que, além de um mercado mais sustentável, gerou faturamento de R$ 3,6 bilhões para empresas que atuam com reciclagem e emprego para centenas de cooperativas no país. 

“Temos uma longa jornada de educação e conscientização da nossa sociedade no sentido de sermos mais cuidadosos com o descarte das garrafas plásticas e de todos os materiais que possam e devam ser reciclados”, completa Alexandre.

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