Americana – SP 10/3/2022 – A Represa atraía turistas de todo o Estado de São Paulo por conter grande volume de espécies de peixes extremamente esportivos, como o tucunaré azul e amarelo.
O Instituto Clube da Pesca.org analisa as condições da represa de Salto Grande no interior de São Paulo e seus reflexos no turismo de pesca esportiva e atividades náuticas.
O Instituto Clube da Pesca.org visitou no início do mês de março de 2022 a Represa de Salto Grande, localizada na cidade de Americana, interior do Estado de São Paulo, com o intuito de averiguar as condições da água, sua piscosidade e as possibilidades de práticas de esportes náuticos.
O que na origem era um manancial de água cheio de vida e pureza se transformou em um problema que se arrasta há anos. Sem solução aparente, a Represa de Salto Grande, localizada na cidade de Americana – SP, ainda “grita por socorro”.
Suas águas são formadas principalmente pelo rio Atibaia, rio com nome de origem tupi, que significa “manancial de água saudável”. Essa coincidência torna mais triste ainda a situação atual da represa, que, apesar dos esforços das autoridades na apuração das causas, reiterados alertas e denúncias da população, a represa continua suja, imprópria para o banho e para a prática de esportes náuticos.
A equipe do Clube da Pesca.org acessou as águas de Salto Grande pela Praia dos Namorados”, lugar antigamente muito frequentado pelos praticantes do kayak fishing, uma prática que mistura o caiaquismo com a pesca esportiva. Com poucos minutos de reconhecimento foi constatado um volume imenso de aguapés e após poucas remadas a equipe notou um forte odor de matéria orgânica em decomposição. Um sinal incontestável de que ainda existe forte presença de esgoto doméstico nas águas da represa.
Após algumas horas de pescaria foi possível identificar a resiliência de espécies como o tucunaré amarelo e a piranha, porém, segundo relatou o fundador do Instituto Clube da Pesca.org, Dr. Thiago H. Fantini, o nível de piscosidade que a represa apresenta hoje é minúsculo se comparado a alguns anos atrás.
A consequência da poluição prejudica a fauna aquática e toda a cadeia natural e também os turistas frequentadores da represa, pois traz riscos de doenças infecciosas, fortes odores e uma enorme quantidade de aguapés que cobre boa parte da superfície da represa, impossibilitando a prática de esportes náuticos.
O instituto Clube da Pesca.org, que nasceu com o objetivo de promover a pesca esportiva como turismo ecológico, conhece bem a represa de Salto Grande. Sua equipe relata que a Represa de Salto Grande era famosa em todo o Estado de São Paulo por conter grande volume de espécie de peixes extremamente esportivos, como o tucunaré azul, a traíra e o tucunaré amarelo, mas que, com o passar dos anos, muitos frequentadores e turistas deixaram de ir por conta da poluição. Um de seus fundadores, Dr. Thiago, disse ainda que o próprio Clube da Pesca.org realizava encontros e eventos de conscientização ambiental na represa, mas deixou de fazê-lo por conta dos problemas ambientais.
“É uma pena ver essa represa poluída. Ela abriga uma fauna fantástica, são muitos animais que veem esse lago como refúgio. Com a água suja muitas espécies de peixes que antes existiam por aqui em abundância não são mais encontradas e como consequência toda a cadeia alimentar é prejudicada. Aves e outro animais também desapareceram”, afirma o cofundador do Instituto Clube da Pesca.org, Sr. Laurent. E. R. Serra.
É de conhecimento popular que o Ministério Público vem cobrando medidas das autoridades responsáveis pelo saneamento das cidades de Americana e Paulínia, principais cidades cujos cursos d’água que abastecem a represa, com o intuito de conter o avanço da poluição. Contudo, essa situação se alastra há muito tempo e parece não ser o suficiente, visto que a represa continua infestada de aguapés, lixo e grande volume de matéria orgânica.
Enquanto isso, a população da cidade de Americana viu ao longo dos últimos anos a microeconomia que girava em torno do turismo gerado pela represa despencar. Os frequentadores da represa, que praticavam esportes náuticos como a pesca esportiva, vela e motonauta migraram para outros locais. Por conta disso, muitos comércios fecharam e as marinas viram seu faturamento despencar.
O que sempre se espera é que as leis sejam aplicadas. Mas como a burocracia brasileira traz uma demora hiperbólica nos procedimentos, por mais desenvolvida que sejam as políticas socioambientais locais é fácil encontrar denúncias de poluição em mananciais. Conclui-se que enquanto não existir uma punição rápida e severa aos responsáveis que provavelmente continuam a despejar esgoto na represa, a situação vai permanecer assim.