A poluição do ar é uma das vilãs da saúde pública nas metrópoles, responsável por 4,2 milhões de mortes no mundo, todos os anos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Relatório da OMS, publicado em abril deste ano, estima que quase toda a população mundial respira ar insalubre, em parte, pela utilização de combustíveis fósseis.

O papel dos combustíveis fósseis nos índices de poluição nos grandes centros urbanos foi medido pelo website IQAir, que mede e ranqueia esses indicadores. Com a restrição de circulação durante a pandemia, 65% das cidades no mundo inteiro experimentaram significativas melhorias na qualidade do ar em 2020, na comparação com o ano anterior.

O Brasil, que é um dos maiores produtores de etanol, produzido a partir de fontes de energia renováveis, tem se mostrado um aliado na qualidade do ar em comparação com outros países. De acordo com levantamento da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), o país é o segundo maior produtor de etanol do mundo e possui a maior frota de automóveis flex.

Dados IQAir revelam que a metrópole de São Paulo, conhecida pelos constantes congestionamentos e lentidão no trânsito, ocupou em 2021 a posição de 1.779 dentre as cidades mais poluídas do mundo.  Isso se deve, em grande medida, pelo fato de que o maior centro urbano do Brasil, contar com frota flex predominante, ou seja, naquele ano, 64% da gasolina foi substituída por etanol, combustível que praticamente não emite material particulado. 

Situação oposta foi observada em outra parte do planeta, a capital indiana, Nova Deli. A segunda maior cidade do mundo ocupou o quarto lugar dentre as cidades mais poluídas no ranking da IQAir, no ano passado. E mais, se considerarmos as 50 cidades mais poluídas do mundo, 34 são indianas. Não por acaso, o governo da Índia está revendo sua matriz de combustíveis e de transportes, visando à melhoria da qualidade do ar.  

Durante a missão do governo brasileiro à Índia, entre os dias 19 e 22 de abril de 2022, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) e a Associação dos Fabricantes dos Automóveis Indianos (SIAM) assinam memorando de entendimento para construir uma agenda integrada para redução de emissões na matriz de transporte veicular na Índia.

IMPACTO GLOBAL

“Além da redução significativa da emissão de poluentes locais, o etanol também se apresenta como uma das melhores alternativas para endereçar um outro desafio, este de nível mundial, e que se configura como um dos mais importantes deste século: o aquecimento global”, diz Evandro Gussi, Presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar). O etanol, considerando a análise do ciclo de vida, é capaz de reduzir em cerca de 90% as emissões de gases de efeito estufa, causadores do aquecimento global, comparativamente à gasolina.

Muitos outros países têm enxergado no etanol uma solução imediata e economicamente viável para reduzir emissões e, consequentemente, atingir os compromissos adotados no Acordo de Paris. Dentre eles, destacam-se Estados Unidos, União Europeia, China e, mais recentemente, Reino Unido, que adotou o aumento da mistura de etanol na gasolina, de 5% para 10%, em setembro do ano passado.

Além do uso do etanol, outras soluções, como a eletrificação da frota de veículos, que poderão também se utilizar do etanol, seja nos carros híbridos flex, seja no etanol como fonte de hidrogênio para mover as baterias, deverão fazer parte de um conjunto de múltiplas rotas tecnológicas com um comum: a descarbonização da economia e a melhoria da qualidade do ar.

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