Distantes dos grandes centros urbanos, os aterros sanitários refletem um cenário de alto risco para o meio ambiente e a vida na terra. Nos aterros, estão resíduos domésticos, industriais, hospitalares e de construções, sendo que grande parte do lixo acumulado não possui uma fácil decomposição natural. O acúmulo de resíduos não biodegradáveis gerados pelo consumo humano impulsiona uma crise global que precisa ser combatida. Como exemplo, destaca-se tipos de plásticos que demoram para atingir um estado de degradação.

No Brasil, onde 11,3 milhões de toneladas de plástico são produzidas por ano, apenas 1,28% vão para reciclagem, segundo um levantamento feito pela Organização não-governamental World Wide Fund (WWF), em 2019. Só no estado de São Paulo, apontado por pesquisas como o maior gerador de resíduos no território brasileiro, 50,61% dos 247 municípios investigados pelo Tribunal de Contas do Estado realizam o descarte inapropriado de lixo, e mais de 85% aterram resíduos sólidos sem qualquer tipo de separação para reaproveitamento. 

O CEO da empresa Canubio, fabricante de canudos biodegradáveis, ressalta que além do descarte, o tempo que os resíduos passam em contato com o meio ambiente também é um agravante para a situação. “Microrganismos, bactérias e a própria exposição aos elementos naturais colaboram com a decomposição, que em alguns casos é notada em questão de horas, porém, alguns objetos descartados podem permanecer sem alterações por séculos”, diz Gustavo Ferreira.

Para ele, investir em conhecimento sobre a biodegradabilidade, ou seja, a capacidade de degradação biológica de determinados produtos, pode ajudar a reduzir a crise observada nos aterros. “Materiais como vidros, metais, alumínios e plásticos não sofrem uma degradação apropriada para ambientes naturais. Este é um fator que tem levado parte das indústrias e a população a buscar por alternativas biodegradáveis”, afirmou Ferreira. 

Produtos fabricados a base de plantas e fibras naturais possuem maior biodegradabilidade, permitindo o surgimento de itens como os plásticos biodegradáveis, que podem ser produzidos a partir do arroz e ou da mandioca, por exemplo. Além disso, o papel também pode ser usado como alternativa ao plástico na fabricação de copos e canudos descartáveis, pois, a matéria prima, originária das árvores, encontra na terra microrganismos que usufruem naturalmente de seus componentes.

Porém, o caminho para um meio ambiente mais saudável pode exigir um esforço ainda maior. “É importante frisar que os benefícios dos produtos biodegradáveis só podem ser notados se, junto com a utilização destes recursos, também houver uma mudança de mentalidade e uma compreensão sobre o cenário atual, que pode se agravar cada vez mais ao longo dos anos caso seja ignorado”, finaliza Gustavo Ferreira.

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