Na manhã da última sexta-feira (29) do mês de abril, em Voturuá, bairro da cidade de São Vicente, situada no litoral de São Paulo, moradores registraram um grande vazamento de água, que ocorreu devido ao rompimento de uma válvula na tubulação de um canal da região. O vazamento teve duração de, aproximadamente, seis horas.

Ao identificarem o problema, moradores procuraram pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), que enviou técnicos ao local para solucionar o ocorrido. Em nota, a companhia assegurou que, para o caso de emergências, a Sabesp disponibiliza caminhões-tanque e que, juntamente à administração municipal, se dirigiu ao local visando poupar os moradores de qualquer dano mais grave.

Casos de perdas expressivas de água potável, como o ocorrido em São Vicente, não são raros. De acordo com o estudo “Perdas de água potável (2022, ano base 2020): Desafios para disponibilidade hídrica e avanço da eficiência do saneamento básico no Brasil”, divulgado no dia 1 de junho de 2022 pelo Instituto Trata Brasil, diariamente, no Brasil, cerca de 40,1% da água que corre nos sistemas de distribuição é perdida, sendo que, dessa quantidade, 60% deste volume se vai por perdas físicas (vazamentos).

Sobre esse cenário de desperdício em decorrência de descuidos com a tubulação, Léo Caprara, fundador da GLDS Geofones Digitais, empresa especializada na detecção de vazamentos, afirma que o meio ambiente e a sociedade como um todo sofrem com os impactos negativos de perdas como essa. 

“Não só prejudica quem vive e trabalha no entorno do vazamento, como aumenta os custos das empresas de saneamento e do município, prejudicando o sistema como um todo, e claro, todos os consumidores, que pagam a conta final pelo desperdício”, diz o especialista.

O mesmo estudo do instituto também aponta que a quantidade de água própria para consumo que é perdida nesses vazamentos corresponde a 7,8 mil piscinas olímpicas de água tratada, o que, em paralelo feito pelos pesquisadores, seria suficiente para abastecer mais de 66 milhões de brasileiros em um ano. No relatório, é verificada a relevância dos dados ao considerarem que o total de brasileiros sem abastecimento de água potável, atualmente, alcança 35 milhões.

Para lidar com a questão das perdas físicas do recurso, Caprara sinaliza a importância do monitoramento dos sistemas. “Em geral, tubulações antigas sofrem com o efeito do tempo e da pressão exercida pela própria rede hidráulica provocando vazamentos visíveis e ocultos. O impacto causado por veículos também prejudica a rede de distribuição”. 

Em complemento, Adão Lisboa Gonçalves, CEO do Clube do Vazamento, organização que promove cursos e treinamentos sobre controle de perdas, pesquisa e identificação de vazamentos e fraudes, afirma que a forma mais eficiente de lidar com casos como o ocorrido na cidade litorânea de São Paulo é a intervenção imediata por profissionais, para que assim sejam iniciados os reparos. 

Ele adiciona, também, que, para evitar a recorrência da questão e zelar pela integridade das instalações, “é necessário que o município possua processos de manutenção preditiva, preventiva e controle de redução de perdas, como o serviço de pesquisa e identificação de vazamentos e fraudes por métodos não destrutivos.

Mais informações disponíveis em https://vazamento.club/

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