Gestado nos últimos três anos, o plano de crescimento da organização Vaga Lume começou a sair do papel. Nos meses de outubro e novembro a equipe está em campo para a criação de novas bibliotecas. Nessa rodada, será implementada uma no município de Oriximiná, na comunidade Jarauacá; e outras duas no município de Portel, nas comunidades São José Amparo e Vila Castanhal – todas no estado do Pará.

A organização nasceu e cresceu de forma orgânica nos primeiros 20 anos e hoje atua em 86 bibliotecas distribuídas em 22 municípios da Amazônia Legal. Com exceção de uma nova unidade aberta em 2018, quando a Vaga Lume chegou à comunidade de Atodi, em Santarém, esse é o primeiro ano, depois de 13, que a organização expande sua atuação a novos territórios. “A expectativa é que esse crescimento seja constante nos próximos anos, de acordo com a verba arrecadada e o próprio desenvolvimento do trabalho”, diz Lia Jamra Tsukumo, Diretora Executiva da Vaga Lume.

Após o cruzamento das cartas de intenção dos comunitários com dados de georeferenciamento, que levou em consideração fatores como desmatamento e outras variáveis de vulnerabilidade, a Vaga Lume selecionou três comunidades para receberem as novas unidades.

“Havia dois caminhos: escolher comunidades mais engajadas, onde o projeto teria mais chances de crescer rápido, ou comunidades mais vulneráveis, que talvez tenham mais dificuldades iniciais, porém o impacto pode ser muito maior. Escolhemos o segundo caminho em comunidades onde acreditamos que um projeto de educação pode fazer muita diferença”, completa. As comunidades escolhidas foram Quilombo Jarauacá, em Oriximiná – PA; São José Amparo e Vila Castanhal, em Portel – PA. As formações em mediação de leitura para a implantação das bibliotecas acontecem neste mês de novembro.

As novas bibliotecas já estão inseridas na Jornada das Bibliotecas, um sistema criado pela organização para apoiar o desenvolvimento dos espaços de leitura, desde o estágio Semente, quando são implantadas, até o estágio de autonomia, chamado Sumaúma.  “De acordo com o engajamento, as bibliotecas recebem mais estímulos e investimentos, ou seja, treinamentos, mobiliários, intercâmbios e formações”, diz Aline Calahani, Líder de Projetos Educacionais.

Sistematização do trabalho

Para apoiar o crescimento sustentável, a Vaga Lume está adotando ferramentas para monitorar, acompanhar e apoiar o desenvolvimento das bibliotecas existentes e das novas que estão sendo implantadas.

Na plataforma POMAR estão concentrados todos os dados das bibliotecas e das comunidades: data de inauguração, engajamento comunitário, população da comunidade, número de livros doados por comunidades, dados sobre acesso à energia elétrica e sinal de celular, entre outros. Esta plataforma auxilia na elaboração de estratégias para o desenvolvimento das bibliotecas e para a prestação de contas.

Já a Jornada das Bibliotecas é um sistema criado pela Vaga Lume para apoiar o desenvolvimento das bibliotecas desde a sua fase de implantação (Semente) até o estágio de autonomia (Sumaúma). Dentro da Jornada, os voluntários são orientados a avaliar os pontos fortes e fracos e as oportunidades e as ameaças para depois traçar planos de ação que contribuam para o desenvolvimento da biblioteca.

Outra metodologia adotada pela organização são modelos de avaliação que permitem que seja feita a avaliação do impacto da atuação da organização nas comunidades. Com a aplicação da avaliação de marco zero, no futuro é possível aplicar a avaliação de impacto para identificar os impactos gerados pela atuação da Vaga Lume.

Além disso, a Vaga Lume realiza o monitoramento das bibliotecas de forma constante para apoiar as ações e projetos desenvolvidos por cada comunidade dentro dos espaços de leitura.

Os cinco Pilares que norteiam todo o trabalho da Vaga Lume são:

  • Para uma biblioteca funcionar bem ela precisa de um acervo de literatura com qualidade e diversidade, e também um espaço físico de acolhimento, que abrigue os livros e possa receber crianças, jovens, adultos e mediadores;
  • Os mediadores de leitura dão vida e sentido à biblioteca e, para isso, precisam estar atuantes e formados na metodologia Vaga Lume;
  • A biblioteca deve ser comunitária, logo, é preciso que os moradores e voluntários da comunidade estejam comprometidos com seu funcionamento e sejam responsáveis pela sua gestão;
  • A biblioteca pertence à comunidade e valoriza as histórias, as memórias e a cultura local.Cada comunidade é única e a biblioteca também deve espelhar esta singularidade;
  • O intercâmbio cultural entre jovens amplia as possibilidades de leitura do mundo, valorizando as culturas locais e a compreensão de outras realidades, além de sensibilizar os jovens para o engajamento social e comunitário.

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