No dia 22 de abril é comemorado o Dia Mundial da Terra, fazendo deste mês um período que estimula a reflexão sobre as ações que impactam o meio ambiente e como tornar o sistema alimentar mais sustentável para garantir a sobrevivência no planeta.

“Estudo recente da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura demonstra que cerca de 33% das áreas agrícolas do mundo apresentam algum grau de degradação. Por isso, diversas pesquisas são realizadas para promover técnicas que melhorem o uso do solo”, enfatiza Vininha F. Carvalho, editora da Revista Ecotour News (www.revistaecotour.news).

Só no Brasil, a FAO estima que quase 50 milhões de pessoas vivem em situação de insegurança alimentar grave ou moderada. A situação foi agravada pela pandemia e ocorre ao mesmo tempo em que a produção de carnes no país é gigantesca – segundo o IBGE, só em 2020, a indústria abateu 29,7 milhões de bois, 49,3 milhões de suínos e 6 bilhões frangos no país.

“A pecuária é a indústria que mais desmata no Brasil, segundo a ONU, e o setor que registrou mais da metade dos casos de trabalho escravo no país entre 1995 e 2020, de acordo com dados do Governo Federal sistematizados pela Comissão Pastoral da Terra. Para construir um futuro com um sistema alimentar justo, precisamos escolher alimentos que não causem tantos danos ambientais e sociais”, afirma Isabel Siano, gerente de campanha da Million Dollar Vegan.

O consumo consciente é uma prática cidadã e certos hábitos podem contribuir efetivamente para a redução de nosso rastro ambiental. ONGs nacionais e internacionais defendem a mudança para um prato sem produtos de origem animal como forma de tornar o sistema alimentar mais sustentável, criam campanhas para alertar o mundo sobre a necessidade de refeições mais saudáveis e comprometidas com o meio ambiente.

No último dia 21 de março, o Governo Federal lançou o Programa Metano Zero para estimular a produção do Biometano, gás produzido a partir da biodigestão de resíduos orgânicos, ou simplesmente biomassa. Seu aproveitamento gera energia limpa, energia renovável, haja vista que o CO2 emitido no processo de produção é reabsorvido pelas plantas, à medida que crescem. Os equipamentos para sua implantação foram incluídos no Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura – REIDI, suspendendo, assim, a incidência do PIS/Cofins em suas aquisições, o que reduz em 9% o custo do investimento.

Segundo Alysson Paolinelli, presidente do Instituto Fórum do Futuro e ex-ministro da Agricultura, o Brasil, atualmente, além de ser um grande refúgio ecológico e de ser uma representação do que o mundo precisa ter, desenvolveu bem sua tecnologia e seu sistema produtivo. “É uma país que acredita na possibilidade de mudanças, que teve instrumentos para mudar e fez isso muito rapidamente, criando o que o mundo mais deseja hoje, que é ser uma nova alternativa de uma agricultura tropical sustentável. E ainda será, sem dúvida nenhuma, a garantia da segurança alimentar nesses próximos anos”, pontua.

“O Brasil conhece em detalhes apenas 5% do seu solo. Os americanos conhecem quase 80% dos solos em nível de detalhe que permite estabelecer políticas públicas em agricultura, mineração, defesa etc. Se conhecendo apenas 5% já somos um dos maiores produtores de alimentos do mundo, imagina o que vamos fazer ao conhecermos 50% através da implantação da plataforma digital PronaSolos, que pretende mapear os solos do Brasil”, salienta Vininha F. Carvalho.

“Risco climático é risco de investimento, nesse sentido é muito importante que países, empresas e o agro estejam conectados às necessidades de descarbonização e redução de gases de efeito estufa. Temos tecnologias e conhecimento para descarbonizar a nossa agricultura. Produtores que adotam melhores tecnologias fazem a produção sustentável. Precisamos mostrar não só para os brasileiros, mas para o exterior, todo o trabalho que é feito aqui que impacta efetivamente na descarbonização da agricultura e nas mudanças do clima”, afirma Celso Moretti, presidente da Embrapa.

“O mundo precisa saber que o Brasil pode dobrar a sua produção de alimentos sem cortar uma árvore, sem entrar na Floresta Amazônica, na Mata Atlântica, incorporando áreas degradadas e posteriormente recuperadas”, anunciou o presidente da Embrapa.

O crédito rural é um recurso de financiamento destinado a pessoas físicas e jurídicas, cujas atividades envolvam a produção e/ou comercialização de produtos do setor agropecuário, informa Romário Alves, CEO da pioneira rede de crédito Rural no Brasil, Sonhagro. “Esses recursos são disponibilizados pelo Governo Federal com prazos e taxas subsidiarias que vão de 3% a 8% ao ano e prazo de até 12 anos, do qual visão a manutenção, modernização e expansão do agro brasileiro”.

Para a sociedade é importante focar nas ações diárias, muitas delas simples, mas que no final do dia geram grande impacto ao meio ambiente. “Quando medidas que estão ao nosso alcance servem de bons exemplos, as chances de adesão por grande parte da sociedade são maiores e, isso faz com que os efeitos em larga escala se tornem realidade, enfocando novas alternativas para redução de perdas e de melhor aproveitamento dos recursos, amenizando o grave problema da insegurança alimentar”, finaliza Vininha F. Carvalho.

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