Conversamos com Alexandre Furlan, sócio-diretor do Instituto Muda, para conhecer as melhores práticas da coleta seletiva em condomínios residenciais.



Como adotar a coleta seletiva em condomínios residenciais?
Adotar a coleta seletiva em condomínios residenciais traz diversos benefícios

Sempre que imaginamos como podemos ser mais sustentáveis no nosso dia a dia, a reciclagem é uma das práticas mais lembradas. Afinal, não é necessário adquirir nenhum grande equipamento ou realizar investimentos altos, basta adotar o hábito de separar o lixo reciclável do comum em nossos próprios lares e em outros lugares, como no trabalho. Em casos de condomínios residenciais – que possuem uma alta concentração de pessoas e, consequentemente, geração de resíduos –, aplicar a coleta seletiva traz resultados extremamente positivos em termos de preservação do meio ambiente e economia financeira.

A implantação da coleta seletiva é obrigação dos municípios brasileiros, de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pelo Ministério do Meio Ambiente. No entanto, depender de órgãos públicos para tal atividade nem sempre é a melhor escolha. É possível implementar a coleta seletiva em condomínios residenciais a partir de parcerias com empresas privadas que prestam este tipo de serviço.

É o caso do Instituto Muda, empresa que faz todo o processo de coleta seletiva desde o projeto até a coleta em si e, ainda, aplica treinamentos para conscientização de moradores e colaboradores. Segundo Alexandre Furlan Braz, idealizador e diretor do Instituto Muda, as soluções que existem no mercado são apenas pontuais e, por vezes, ineficazes. “A coleta realizada pela Prefeitura é ruim e o trabalho dos catadores ainda é muito informal. Então, o condomínio acaba encontrando qualidades que atestam o custo-benefício de empresa privada”, afirma.

O empreendimento que realiza uma gestão eficiente de coleta seletiva tem como benefícios a economia de mão de obra e de materiais, além do cuidado com o meio ambiente. Vale destacar também que a entidade possui parcerias com grandes empresas – como Natura e Ambev – que patrocinam as duas primeiras etapas da coleta seletiva, ou seja, a implantação do projeto e a compra dos contêineres. Atualmente, o Instituto destina corretamente mais de 100 toneladas mensais de materiais recicláveis às cooperativas de baixa renda.

Processo de coleta seletiva

Foto: pxhere

O primeiro passo a ser realizado para implantar a coleta seletiva em condomínios residenciais é um estudo para saber a capacidade de armazenamento do local versus a quantidade média de lixo reciclável que o prédio produz.

De acordo com dados do Instituto Muda, geralmente, cada apartamento gera 100 litros de material reciclável por semana. Assim, se o condomínio tem 100 apartamentos, são 10 m³ de lixo reciclável – ou 10 mil litros.

Dependendo da capacidade do espaço para armazenamento, é possível saber quantas coletas semanais serão necessárias.

“Uma coleta semanal é suficiente para mais ou menos 100 apartamentos, no entanto, cada caso depende da quantidade de resíduos recicláveis gerados. O ideal é que o gestor saiba qual é a capacidade de coleta da empresa que está realizando o serviço para fazer o cálculo correto. Nosso caminhão, por exemplo, coleta 12 m³, o que é suficiente para a maioria. Se o condomínio tem uma demanda maior, é preciso ter mais coletas por semana”, explica Alexandre.

Em relação ao local de armazenamento, normalmente, a escolha é pelo subsolo. Atualmente, existe uma Lei Estadual que proíbe que as lixeiras estejam alocadas nos andares de prédios, desta forma, é necessário fazer a transição para o novo espaço. Na maioria dos casos, nenhuma adequação se faz necessária para a instalação dos contêineres, mas devem ser tomados alguns cuidados em relação ao armazenamento dos resíduos, especialmente em questão de limpeza e higienização. “O espaço deve ser fechado, porém, com algumas entradas para ventilação”, afirma o diretor do Instituto Muda.

Os moradores do condomínio podem depositar o lixo reciclável nos contêineres distinguidos apenas entre materiais recicláveis e os resíduos comuns. “Não é obrigatório realizar a separação de acordo com cada tipo de material. Todo lixo reciclável é coletado junto e, somente depois, são separados detalhadamente durante a triagem”, diz Alexandre. Ele ainda lembra que os recicláveis devem ser limpos e higienizados para não conter restos de alimentos ou outro tipo de sujeira, eliminando o risco de atrair insetos e animais indesejados para o local de armazenamento.

O Instituto Muda ainda tem outro ponto de preocupação com a saúde do meio ambiente, por isso, os contêineres fabricados pela empresa são feitos com placas de tubo de pasta de dente. Outro produto sustentável são as bags de ráfia – fibras têxteis de palmeiras – que substituem os sacos plásticos de lixo e são reutilizáveis.

Conscientização de todos os envolvidos

O lixo é responsabilidade de todos
O lixo é responsabilidade de todos

O treinamento é uma parte importante do projeto de coleta seletiva oferecido pelo Instituto Muda, afinal, a gestão correta dos resíduos é responsabilidade de todos. Para os moradores, o treinamento é aplicado de andar em andar para que resulte em uma adesão e compreensão maiores. “Se você faz uma palestra no salão de festão, quase ninguém participa. Normalmente, o treinamento com os moradores acontece a partir das 19h, que é o horário que a maioria chega do trabalho”, ressalta Alexandre.

Já com os funcionários do condomínio e empregadas domésticas, o treinamento mais efetivo é no período vespertino. O importante é passar a mensagem de maneira clara e objetiva. “A maioria já sabe que o lixo é um dos maiores problemas ambientais e precisa ser destinado corretamente, por isso, foque em como a coleta deve ser feita”, completa.

Além disso, o Instituto aproveita diversas formas de comunicação para estar em contato com os moradores do condomínio e os colaboradores. A metodologia usa desde informativos em meios on-line – como site, mídias sociais e e-mails – até formas mais tradicionais – como cartas, quadro de avisos em áreas comuns e informativos nos elevadores.

Resultados

Com o processo de coleta seletiva em andamento, o Instituto Muda consegue mensurar alguns dados e resultados que revelam o que o condomínio está produzindo de material reciclável, por tipo e percentual de rejeito, bem como saber quais são os ganhos com a implantação da prática sustentável. “É importante expor estes resultados a todos do condomínio para manter a regularidade do trabalho. Com a implantação da coleta seletiva, deve-se monitorar o trabalho e, quando necessário, realizar intervenções e atualizações”, diz Alexandre.

Segundo o diretor, condomínios residenciais sofrem com um alto turn over devido mudança de moradores ou de colaboradores. Assim, é sempre importante reciclar os conhecimentos por meio de novos treinamentos e manter a comunicação ativa. Ser transparente e revelar os resultados obtidos no processo – por exemplo, para onde os recicláveis estão sendo destinados, a quem estão beneficiando e etc. – é fundamental para motivar e mostrar que o trabalho e esforço de todos não foi em vão. Com isso, a coleta seletiva se mantém em alta por muito tempo.

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