Primeiro dia do webinar Circular Economy – Governance & Scale, organizado pela Exchange 4 Change Brasil, reuniu autoridades e executivos da América Latina, do Caribe e da Europa para debater um novo paradigma econômico

Economia Circular

O primeiro dia do webinar Circular Economy – Governance & Scale, organizado pela Exchange 4 Change Brasil, reuniu autoridades e executivos de oito países para debater a transição para a economia circular, enfatizando assuntos como parcerias internacionais, o estabelecimento de uma rede global de governança e a aplicação de um novo modelo produtivo na indústria têxtil. Um dos representantes do Brasil nas rodas de conversa desta segunda-feira (22) foi o Coordenador de Programas e Projetos em Bioeconomia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, Daniel Chang, que reforçou os desafios e a necessidade de incorporar a economia circular como diretriz nas cadeias produtivas nacionais.

O objetivo do evento online, oferecido em parceria com o Ministério de Relações Exteriores da Eslovênia, a EU-LAC Foundation, a Circular Change e o CEBRI, é destacar as trocas de conhecimento e experiências entre a América Latina, o Caribe e a Europa no que concerne à mudança de paradigma econômico, para gerar cada vez mais escala em projetos de economia circular. Para isso, estão participando membros de governos, embaixadores, líderes de grandes empresas e especialistas no tema.

Daniel Chang coordenou o desenvolvimento do Roadmap de Economia Circular do Brasil, elaborado pelo MCTI junto ao Centro e Rede de Tecnologia Climática da ONU: trata-se do primeiro mapeamento elaborado a nível governamental dos atores-chave para a transição circular no país. No seminário, o especialista apontou para iniciativas que estão em andamento, como um projeto na Amazônia para conter o desperdício de centenas de quilos de açaí a partir da produção de um pó do fruto, junto a comunidades indígenas,  e a instalação de Centros de Recondicionamento de Computadores em todas as regiões do país, para evitar o descarte em excesso de eletrônicos e reaproveitar os materiais.

– Definitivamente, precisamos investir em startups, elas estão trazendo novos modelos de negócio que realmente impactam e há muitas novas se estruturando no Brasil. Mas, principalmente, precisamos investir na indústria tradicional a fim de acelerar a transição para a economia circular. Alguns dos pontos-chave para esse processo são parcerias, governança, mudança de mentalidade, pesquisa e inovação, desenvolvimento tecnológico e financiamento – comentou Chang.

A diretora da Exchange 4 Change Brasil e fundadora do Hub de Economia Circular Brasil, Beatriz Luz, reforça o propósito do evento:

– Já sabemos o porquê da implementação de uma transição circular e agora é a hora de discutir o ‘como’. Este evento nos mostra o senso de urgência mundial e a importante contribuição dos países da América Latina para a construção de uma economia circular justa, regenerativa e global. Nenhum país ou empresa fará a mudança de forma isolada; a colaboração e a troca de informações entre os países da Europa, América Latina e Caribe é essencial para que a transformação aconteça de forma efetiva e em escala.

No painel de abertura do webinar, estiveram presentes membros do governo da Argentina, da Costa Rica, do Equador e da Eslovênia, além de representantes da União Europeia e da Comissão Europeia. O secretário de Mudanças Climáticas, Desenvolvimento Sustentável e Inovação da Argentina, Rodrigo Rodríguez, enfatizou que a economia circular não é mais uma opção, mas uma necessidade:

– Voltar à normalidade é voltar para 2019. É hora de perceber que isso não é uma opção, porque a normalidade era o problema. Talvez a pandemia seja uma oportunidade de repensar a maneira como estamos fazendo as coisas. Nós precisamos usar o máximo dos recursos que já temos em nossas economias, recursos como o próprio lixo, mas, definitivamente, ir além do conceito de reciclagem.

Redes de Governança

A especialista em economia circular e membro do Conselho Econômico de Amsterdã, Jacqueline Cramer, apresentou uma visão global do tema a partir do estudo “How to Govern the Circular Economy: An International Comparison”, parte do livro “How Network Governance Powers the Circular Economy”. A autora destaca que a tendência é que o olhar esteja sempre voltado para o que os governos devem fazer, mas, além deles, há uma série de atores, como empresas e indústrias, que devem estar envolvidos.

Outra participante que destacou a importância de gerar escala para soluções regionais de economia circular foi a Chefe de Oportunidades Globais para os ODS da ONU, Adriana Zacarias Farah:

– Economia circular é uma mudança sistemática diferente de reciclagem e gestão de resíduos. Nós precisamos construir o futuro porque não podemos voltar atrás, precisamos compreender como essa visão transforma o paradigma das mudanças climáticas. A transição precisa ser inclusiva, precisamos aprender a todo instante com os países da nossa região e de outras.

Economia circular na indústria têxtil

No último painel do dia, o debate abordou o desenvolvimento dos negócios circulares na indústria têxtil. Entre os participantes, estavam Lilian Taise Beduschi, gerente do Grupo Malwee; Bibiana Rubini, gerente executiva da Suzano; e Victoria Santos, coordenadora de Inteligência Competitiva, Propriedade Intelectual e Sustentabilidade do SENAI CETIQT.

As representantes das empresas brasileiras deram alguns exemplos de ações sustentáveis que as organizações podem aderir No cotidiano, como o uso de matérias-primas de fontes renováveis, a produção que preserva a vegetação nativa e a biodiversidade, o armazenamento de toneladas de carbono, para um impacto climático mais positivo, e o desenvolvimento de embalagens recicláveis e biodegradáveis.

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