A conscientização sobre os riscos associados à água contaminada é essencial para promover a saúde pública e prevenir doenças transmitidas por esse recurso vital



Enfermidades como febre tifóide, hepatite A, cólera, dengue, malária e gastroenterites estão diretamente ligadas ao acesso à água potável ou à falta de tratamento e esgotamento. Esses fatores têm sido foco das ações do Dia Mundial da Água (22 de março), instituído pela ONU (Organização das Nações Unidas), já que atingem várias regiões do mundo e têm impactado diretamente o bem-estar e a saúde da população.

De acordo com relatório do Instituto Trata Brasil, a falta de acesso à água de qualidade afeta quase 35 milhões de pessoas no país e cerca de 100 milhões de brasileiros não possuem acesso à coleta de esgoto, o que se reflete em problemas de saúde na população por doenças de veiculação hídrica. 

“Essas doenças são causadas principalmente por micro-organismos, parasitas e vírus encontrados em água contaminada, especialmente aquela que não passou por tratamento adequado, e o próprio quadro atual de crescimento casos de dengue tem implicação da água”, explica a infectologista, Dra. Eliane Iokote, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.

Além disso, o acesso ao saneamento básico é importante para esse cenário. De acordo com Sibylle Muller, CEO da NeoAcqua, empresa pioneira e especialista em economia verde a partir de sistemas de tratamento de água e esgoto, é importante buscar soluções que permitam atender os desafios do saneamento. 

“Os sistemas descentralizados podem atender populações menores. São fabricados em plástico reforçado com fibra de vidro e instalados perto dos locais de geração do esgoto, evitando a necessidade de extensas redes de coleta e estações elevatórias para levar o esgoto até as estações centrais de tratamento que podem ser distantes”, explica Muller.

Como recurso vital para a sobrevivência, a água de boa qualidade tem papel fundamental na manutenção da saúde e bem-estar da população. “Mesmo com poucos recursos, é possível tomar algumas medidas para purificar e fazer o consumo de água potável”, enfatiza a infectologista. Entre as medidas mais eficazes:

  • Fervura da Água: ferver a água é um método eficaz para eliminar bactérias, vírus e parasitas presentes na água.
  • Desinfecção com Cloro: colocar de duas a quatro gotas de água sanitária (hipoclorito de sódio diluído a 2,5%) por litro de água, agitar bem e deixar a mistura descansar por meia hora.
  • Purificação com Iodo: o iodo líquido pode ser utilizado para matar agentes patogênicos na água. Basta adicionar quatro gotas de iodo para cada litro de água e deixar repousar por meia hora.
  • Utilização de filtros de água: utilizar sistemas de purificação de água por microfiltração, como os filtros comerciais que contêm materiais especiais como carvão ativado, cerâmica e outros para filtrar sedimentos, agentes patogênicos e poluentes da água.

O consumo seguro de água evita a contaminação por diversas enfermidades como hepatite A, giardíase, leptospirose, esquistossomose e cólera. Outras doenças que podem estar associadas à falta de tratamento da água e do esgotamento incluem diarréia, gastroenterites, dengue, zika, malária, filariose e oncocercose. Além disso, substâncias químicas presentes na água não tratada podem causar danos ao sistema nervoso, renal e até mesmo aumentar o risco de câncer.

“A conscientização sobre os riscos associados à água contaminada é essencial para promover a saúde e prevenir doenças transmitidas por esse recurso vital. Medidas simples de purificação ajudam a proteger a saúde em casa e que devem ser acompanhadas das políticas públicas, investimentos em infraestrutura de saneamento e acesso universal à água tratada” conclui o Dra. Iokote.

 

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