Totalmente renovável e gerando economia de carbono, material vem substituindo o concreto em prédios que buscam caráter sustentável. Projeto de edifício no Brasil feito de CLT já está em andamento.

Há muitos aspectos que podem variar na construção de edifícios de grande porte, como fachadas, janelas, a composição dos ambientes internos… a lista é longa. Mas há algo que geralmente não se discute: que material irá compor sua estrutura de sustentação? Concreto costuma ser a resposta óbvia. Mas isso vem mudando com experiências cada vez mais frequentes que apontam para a viabilidade de uma nova, sustentável e visualmente agradável solução para a construção pesada: a madeira laminada cruzada, ou cross laminated timber (CLT), que já foi usada inclusive para erguer edifícios arranha-céu.

Edifício Brock Commons, no Canadá: um dos maiores já construídos utilizando CLT. (Imagem: KK Law/Flickr)

O processo de elaboração é conceitualmente simples: camadas de lâminas de madeira (extraídas de diversas espécies, mas geralmente de pinus ou eucaliptos) são sobrepostas em direções alternadas, o que confere maior rigidez à estrutura. Essas camadas são grudadas de diferentes formas, dependendo do uso a que se destina a madeira – edifícios inteiros expostos ao sol precisam de um processo mais rigoroso do que móveis que ficarão em ambientes internos, por exemplo -, e depois prensadas, criando uma verdadeira viga, tábua ou outra estrutura maciça.

A durabilidade não deixa a desejar em relação a outros materiais tradicionais, e as vantagens são várias: a começar pelo caráter sustentável, originando-se de uma fonte renovável de recursos que pode ser combinada com ações de reflorestamento. Além disso, as emissões de carbono envolvidas no processo de produção são significativamente menores do que na fabricação e uso de concreto, o que torna mais viável obter a condição de edifício net zero – uma necessidade urgente segundo a Agência da ONU para o Meio Ambiente (clique aqui para saber mais)

Quem usa?

São diversos projetos internacionais que já exibem com sucesso suas estruturas de CLT. A Austrália tem sido um mercado de vanguarda nesse sentido, com pelo menos três grandes edifícios. A International House, em Sydney, é um deles. Desenhado pelo escritório de arquitetura Tzannes, combinando a madeira na sustentação com uma moderna fachada comercial, em um prédio de seis andares que utilizou 3,5 mil metros cúbicos de madeira reciclada ou plantada de forma sustentável. Veja os detalhes no vídeo abaixo:

International House Sydney from Tzannes on Vimeo.

Outro exemplo vem de um edifício residencial: o Forte in Melbourne foi o primeiro prédio construído com CLT na Austrália, utilizando 759 painéis do material na composição de seus dez andares. Estimou-se uma “economia” de 761 toneladas de CO2, na comparação com as emissões ligadas a um prédio similar feito de concreto.

No Canadá, o projeto da Brock Commons Tallwood House, edifício residencial em Vancouver, evidenciou outra vantagem da CLT: a maior rapidez na construção. Erguido a um ritmo de dois andares por semana, o prédio foi concluído quatro meses antes do período convencional para edifícios de seu porte. Já na Inglaterra, o também prédio de apartamentos Dalston Works é o maior até o momento feito de CLT no mundo. Acompanhe abaixo o relato da construção:

No Brasil

Por aqui, um grande exemplar deve surgir em breve: o bairro paulistano Vila Madalena receberá um edifício de 13 andares assinado pelo escritório Triptyque, em uma área de 1.025 metros quadrados, e espaço para uso de 4,7 mil metros quadrados. O prédio terá espaços de coworking, coliving e restaurantes, e exibe ainda uma vegetação natural que traz ao edifício o conceito de floresta urbana. O Edifício Amata, como será chamado, tem a madeira fornecida pela empresa de mesmo nome.

“Os edifícios construídos em madeira são soluções eficientes e podem servir de impulso para mudança de consciência da sociedade porque, ao substituir fontes não renováveis por matéria-prima natural, contribuímos para uma cadeia da construção mais limpa e geramos valor à floresta certificada, o que diminui a pressão pelo desmatamento”, ressalta Dario Guarita Neto, sócio fundador e CEO da Amata. Veja algumas imagens do projeto divulgadas pela Triptyque:

Alguns projetos de menor porte, no entanto, já foram finalizados e estão operantes. Fornecedora de CLT, a Crosslam contribuiu para residências em Itaipava (RJ), Itu (SP) e Tiradentes (MG), além de confeccionar móveis e outras estruturas com o material.

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