De acordo com a Associação Brasileira de Energia Eólica – ABEEólica, País terminou 2018 com 583 parques eólicos e mais de 7 mil aerogeradores em 12 estados.
Os investimentos em energias renováveis vêm crescendo a cada dia no Brasil. Um grande exemplo é o aumento da capacidade instalada de energia eólica em território nacional. O ano de 2018 terminou com a marca de 14,71 GW (gigawatts), de acordo com o relatório de janeiro de 2019 da Associação Brasileira de Energia Eólica – ABBEólica. Se depender dos players deste mercado, os ventos continuarão a soprar de forma positiva para o setor.
Ainda há outros 4,33 GW já contratados em construção ou projeto, o que significa que, ao final de 2024, serão pelo menos 19,04 GW considerando apenas contratos já viabilizados em leilões e com outorgas do mercado livre publicadas e contratos assinados até agora. Vale ressaltar que, no ano passado, o País obteve a marca de 583 parques eólicos e mais de 7 mil aerogeradores em 12 estados.
Em um curto período de tempo, a energia eólica se tornará a segunda fonte da matriz elétrica brasileira, um feito histórico para um recurso que começou a se desenvolver de maneira mais acentuada há pouco menos de uma década.
Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) de fevereiro de 2019 mostram que ela representa 8,5% de toda a matriz elétrica no País, chegando a ficar muito próxima da biomassa, que atualmente responde por 8,6% – confira os dados aqui.
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“Quando começamos o ano de 2011, tínhamos menos de 1 GW. Em 2012, estávamos no 15º lugar no Ranking de Capacidade Instalada do Global Wind Energy Council. Agora já estamos a caminho de completar 15 GW e ocupamos a 8ª posição no ranking. Estes são alguns dos dados que mostram a importância da indústria eólica, nossa capacidade de crescer, fazer investimentos e trazer benefícios para o Brasil”, explica Elbia Gannoum, presidente executiva da ABEEólica.
Considerando o seu desempenho, a fonte eólica já chega a atender, com sua produção, quase 14% do Sistema Interligado Nacional – SIN. Os dados foram registrados durante o período conhecido como “safra dos ventos”, que vai de junho a novembro. O Boletim Mensal de Dados do Operador Nacional do Sistema – ONS, referente ao mês de setembro de 2018, mostrou que, no dia 19 do mesmo mês, a energia eólica chegou ao percentual de 13,98% de atendimento, um recorde nacional.
O relatório da associação nos mostra que o Nordeste continua como destaque na geração de energia eólica. O Rio Grande do Norte gerou 3.875,8 MW (megawatts) de potência instalada ao final de 2018, sendo que, os parques operando em teste representam mais 167,3 MW. Logo em seguida, vem o estado da Bahia, que gerou 3.525,0 MW, além de 47,5 MW das operações em teste. Fechando o “pódio dos ventos” está o Ceará, que contribuiu com 2.050,5 MW.
“Os ventos do Nordeste reúnem características singulares que os tornam um dos mais competitivos do mundo para geração de energia eólica. Além da velocidade alta e constante, são uniformes em direção. Essa combinação gera uma maior eficiência para os aerogeradores, possibilitando que os projetos apresentem melhor rentabilidade. Também, por ser uma região mais carente, nela conseguimos gerar maior benefício social com a viabilização dos nossos empreendimentos”, comenta Lucas Araripe, diretor de Novos Negócios da Casa dos Ventos, uma das empresas pioneiras e principais investidoras no mercado de energia eólica do Brasil.
O dado mais recente de recorde da região Nordeste é do dia 13 de novembro de 2018, registrado em um domingo às 09h11, quando todo o subsistema foi atendido por energia eólica e ainda houve exportação dessa fonte, já que o volume de 8.920 MW atendeu 104% daquela demanda com 86% de fator de capacidade. Na mesma data, por um período de duas horas, a região foi abastecida em 100% por energia proveniente da força dos ventos.
Por diversos períodos, o Nordeste assume a figura de exportador, uma realidade totalmente oposta ao histórico do submercado, que é por natureza importador de energia. “A fonte eólica gera energia em momentos de mais vulnerabilidade do sistema e a um custo muito competitivo. O desenvolvimento da fonte também colabora com a diversificação geográfica da geração elétrica no País, uma vez que estados do Nordeste passaram a ser exportadores de energia”, afirma Araripe.
A região possui um recurso eólico de qualidade que permite gerar energia a um patamar de tarifa muito competitivo e com uma sazonalidade complementar a fonte predominante no nosso País, a hidrelétrica. No entanto, a manutenção de uma cadeia de fornecedores sólida e a pluralidade de opções de financiamento se tornaram essenciais nos dias de hoje para a viabilização de novos projetos.
“Além disso, é necessário um investimento estrutural em transmissão, possibilitando que a geração das eólicas no Nordeste possa ser escoada para outros submercados”, finaliza Lucas Araripe.
Confira os 12 estados brasileiros que produzem energia através dos ventos:
Estado | Capacidade Instalada (MW) | Parques eólicos |
---|---|---|
Rio Grande do Norte | 3.875,8 | 150 |
Bahia | 3.525,0 | 135 |
Ceará | 2.050,5 | 80 |
Rio Grande do Sul | 1.831,9 | 80 |
Piauí | 1.638,1 | 60 |
Pernambuco | 782,0 | 34 |
Maranhão | 274,8 | 12 |
Santa Catarina | 238,5 | 14 |
Paraíba | 157,2 | 15 |
Sergipe | 34,5 | 1 |
Rio de Janeiro | 28,1 | 1 |
Paraná | 2,5 | 1 |
Contratações em 2018
Ao todo, no ano de 2018, foram contratados 1,25 GW de capacidade instalada, em 48 parques, no que se refere ao mercado regulado. Em relação ao mercado livre, os resultados também foram positivos, considerando que houve ao menos três grandes leilões para este segmento destinados à comercialização de energias renováveis. É o que aponta o relatório da entidade que representa a indústria de energia eólica no País.
“Embora os números dessas operações não tenham sido divulgados por fontes, estimamos que, de uma forma geral, as empresas de energia eólica venderam cerca de 2 GW de capacidade instalada para o mercado livre em 2018, o que demonstra que ele vem se expandindo consideravelmente para o setor”, explica Elbia.
Considerando os contratos de leilão e a perspectiva de venda no mercado livre, temos uma contratação estimada de 3,2 GW em 2018.
Ainda no ano passado, foram realizados dois leilões de energia nova, denominados A-4 e A-6. Ambos contaram com a participação da fonte eólica. O leilão A-4, realizado em 4 de abril, contratou 298,7 MW médios representados por uma capacidade instalada de 1.024,5 MW. Para a fonte eólica foram quatro projetos viabilizados em 33,4 MW médios. As usinas deverão iniciar o fornecimento de energia elétrica a partir de 1º de janeiro de 2022.
O leilão A-6, realizado no último 31 de agosto, teve uma contratação mais expressiva em relação ao anterior. Foram 835,0 MW médios, que correspondem à 2.100,1 MW. Houve a viabilização de 48 projetos eólicos em 420,1 MW médios. Neste certame, as usinas devem iniciar a operação comercial a partir de 1º de janeiro de 2024.
“Com a crescente demanda por energia no País, a perspectiva é que a fonte eólica continuará a ter um papel protagonista nos leilões e também no mercado livre, aumentando sua participação na matriz energética brasileira”, diz o representante da Casa dos Ventos.
O mercado livre também teve um bom ano, visto que foram realizados ao menos três grandes leilões promovidos pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) – 2 certames – e Casa dos Ventos. Eles foram destinados à comercialização de energias renováveis.
“Sempre que falamos de contratações e do futuro da fonte eólica no Brasil, gosto de reiterar um conceito muito importante: nossa matriz elétrica tem a admirável qualidade de ser diversificada e assim deve continuar. Cada fonte tem seus méritos e precisamos de todas, especialmente se considerarmos que a expansão da matriz deve se dar majoritariamente por fontes renováveis. Do lado da energia eólica, o que podemos dizer é que a escolha de sua contratação faz sentido do ponto de vista técnico, social, ambiental e econômico, já que tem sido a mais competitiva nos últimos leilões”, finaliza Elbia Gannoum.
Geração de energia eólica cresce 15% em 2018
Dados consolidados do boletim InfoMercado mensal da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE indicam que a geração de energia eólica em operação comercial no Brasil aumentou 15% no ano passado. As usinas movidas pela força do vento produziram 5.304,4 MW médios frente aos 4.618,9 MW médios entregues ao Sistema Interligado Nacional – SIN em 2017.
Brasil fica em 5º no Ranking Mundial de capacidade eólica nova em 2018
Dados globais divulgados pelo GWEC – Global Wind Energy Council, o Conselho Global de Energia Eólica, mostram que o setor de energia eólica instalou 51,3 GW de nova capacidade eólica em 2018 no mundo. No ano passado, o Brasil instalou 1,9 GW, ficando em quinto lugar no ranking de capacidade eólica nova onshore instalada em 2018. Confira o Ranking:
País | Capacidade eólica nova instalada em 2018 (MW) |
---|---|
China | 21,200 |
Estados Unidos | 7,588 |
Alemanha | 2,402 |
Índia | 2,191 |
Brasil | 1,939 |
França | 1,563 |
México | 929 |
Suécia | 717 |
Reino Unido | 589 |
Canadá | 566 |