Especialista do ILOG do Paraná dá dicas de como empresas podem desenvolver e adotar práticas sustentáveis de logística reversa.
No dia 17 de maio foi comemorado o Dia Internacional da Reciclagem, instituído pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO. Nos últimos anos, todo o mundo vem se conscientizando sobre a importância da sustentabilidade em suas atividades. Uma das práticas que mais estão em evidência é o descarte correto de resíduos sólidos.
Desenvolver ações que viabilizem a restituição de resíduos sólidos – transformando-os em matéria-prima novamente – não é apenas importante para a saúde do meio-ambiente, mas, também, para o contexto social. Quando falamos do processo de reciclagem em um âmbito empresarial, uma prática se destaca entre as demais: logística reversa.
Desta forma, é possível promover a redução, reutilização, reciclagem e o descarte adequado na geração de resíduos sólidos originados de fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes.
Logística reversa
Imprescindível para a estruturação de uma sociedade sustentável, o processo de logística reversa consiste em duas etapas básicas: coleta e reciclagem; e reutilização. O conceito é obrigatório em vários países e têm se difundido gradativamente entre as grandes indústrias mundiais de diversos segmentos. Vale ressaltar que empresas de pequeno porte também podem aplicar as ações em seu dia a dia.
“O ser humano está cada vez mais consciente da necessidade de preservar recursos naturais e tem buscado consumir produtos de empresas preocupadas com a sustentabilidade e pós-consumo. É iminente que as empresas que não se tornarem responsáveis por todo o ciclo de vida útil de um produto vão ficar para trás”, afirma Nilo Cini Junior, presidente do Instituto de Logística Reversa – ILOG do Paraná.
O ILOG atua desde 2016 auxiliando instituições de todos os portes a adotarem e desenvolverem práticas sustentáveis de produção. Com mais de 300 empresas associadas, o Instituto contribui com a minimização do descarte de resíduos na natureza, realizando a coleta de centenas de toneladas de descartáveis todos os anos nas principais cidades do Estado do Paraná.
Só em 2017 a iniciativa colaborou com reaproveitamento de mais de 200 toneladas de lixo por mês em suas centrais instaladas nas cidades de Londrina e Maringá. Participam do projeto grandes empresas como a JBS e a Heineken. Confira os gráficos abaixo.
As estruturas da Central de Valorização de Materiais Recicláveis (CVMR) – mantidas em parceria com as prefeituras – são as responsáveis pelo processamento. O primeiro passo é a coleta dos materiais – como plástico, papel, papelão, latas, vidros – feita por meio de cooperativas, associações e catadores parceiros. Todos estes resíduos vão pra uma das CVMR, onde é realizada a reciclagem do material. Após o processo, a matéria-prima está pronta para ser reutilizada.
Política de resíduos
A sustentabilidade, no entanto, não deve estar focada apenas no processo da logística reversa. É necessário observar antes disso. Por exemplo, é comum encontrar embalagens de produtos que são produzidas com vários materiais, o que torna o processo de reciclagem e reúso mais difíceis. A solução é aplicar procedimentos em prol do desenvolvimento de embalagens mais sustentáveis, ou seja, que possuam uma composição mais homogênea e tenham um peso menor.
“É fundamental que as empresas enxerguem a logística reversa como parte integrante da empresa desde as estratégias iniciais. Com processos bem estruturados, tornaremos o setor empresarial mais sustentável rapidamente”, comenta o presidente do ILOG Paraná.
Para o especialista, é fundamental definir políticas de resíduos dentro da empresa para que elas se tornem realidade e fechem o ciclo de vida do produto de maneira sustentável. Criar programas bem definidos e que possam ser desenvolvidos através de metas se faz fundamental para, com a experiência adquirida, aprimorar e ajustar sempre que for necessário. Com o tempo, as políticas de resíduos se tornam parte integrante da cultura da companhia.
“O fabricante pode desenvolver política própria ou aderir a programas já existentes que promovem a coleta em parcerias com catadores e cooperativas de materiais recicláveis, promovendo a correta destinação aos resíduos. Desta maneira o insumo se torna novamente matéria-prima, reduzindo significativamente o impacto ambiental”, explica Nilo Cini Junior.
Vantagens
A sustentabilidade não representa apenas um processo vital para o desenvolvimento saudável do meio ambiente. Aplicar ações como a logística reversa também traz benefícios econômicos e sociais. Diminuir a quantidade de resíduos na natureza e utilizá-los novamente em um ciclo produtivo garante uma redução significativa de custos com matéria-prima.
Além disso, adotar a sustentabilidade como uma cultura nas empresas é, hoje em dia, uma forte ação de marketing. Estas práticas melhoram a imagem da marca e o relacionamento com público final, que se sentem satisfeitos em saber que estão consumindo de uma empresa que se preocupa com o meio ambiente.
“A construção de uma sociedade consciente da sua responsabilidade com a natureza depende muito da postura da sociedade como um todo. É preciso educar, conscientizar, promover e realizar ações neste sentido por parte de todos os elos da cadeia. Iniciativas do setor empresarial como a logística reversa é uma das primeiras etapas para isso”, completa Nilo.