O especialista francês falou sobre a relação das cidades inteligentes com a sustentabilidade e transformação digital durante o Conecticidade.

Patrick Nossent e José Joaquim do Amaral Ferreira
Patrick Nossent e José Joaquim do Amaral Ferreira. Fotos de Antônio Bongiovanni, Antônio Limongi, Gabriel Novaes, Marcos Lamego (Blackbird Art), Maria Luiza Salomé.

O Conecticidade, evento realizado pela Fundação Vanzolini nos dias 21 e 22 deste mês, levou para um público especializado – entre profissionais e acadêmicos – discussões importantes acerca de cidades inteligentes, tecnologia, inovação e urbanismo. O destaque foi a participação de Patrick Nossent, presidente da Cerway e Certivéa – e um dos nomes mais importantes da certificação HQE ao redor do mundo.

Durante a sessão de abertura, o professor João Amato Neto, presidente da Diretoria Executiva da Fundação Vanzolini, ressaltou a pertinência de tratar este assunto frente os desafios que os grandes centros urbanos enfrentam atualmente.

“Começamos a discutir este evento há dois anos, a Vanzolini contribui muito para o fortalecimento da economia e da indústria de São Paulo e em todo o Brasil. Cidades inteligentes é um tema multidisciplinar e nós sempre estivemos de olho nas novas tendências que surgem no mercado”, afirmou Amato.

Para ele, é preciso pensar a cidade como um sistema de produção de serviços, de todas as atividades – saúde, educação, tecnologia, alimentação, etc. Um dos grandes desafios é a mudança para a economia circular, algo que a Engenharia de Produção pode ajudar.

“É interessante olhar pelo âmbito da Engenharia da Produção, já que ela abrange diversas disciplinas que conversam entre si. A Tecnologia da Informação tem mudado o nosso dia a dia e temos que saber como tirar proveito disso. Aproximar a indústria e a academia é fundamental para alcançar desdobramentos positivos neste campo”, completou o presidente da Fundação.

Patrick Nossent traz visão internacional

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Palestra de Patrick Nossent. Fotos de Antônio Bongiovanni, Antônio Limongi, Gabriel Novaes, Marcos Lamego (Blackbird Art), Maria Luiza Salomé.

Destaque do Conecticidade, o francês Patrick Nossent falou para uma plateia cheia em uma palestra que abordou sustentabilidade, smart cities, transformação digital e mudanças climáticas e energéticas.

Um dos nomes mais importantes da certificação francesa Démarche HQE (Haute Qualité Environnementale), Patrick alertou para o grande impacto ambiental causado pela construção e operação de edifícios. Para ela, as certificações sustentáveis são prova de que é possível mudar o panorama atual e trabalhar com sistemas cada vez mais eficientes.

Uma das tendências abordadas na palestra foram os edifícios com energia positiva – ou seja, aqueles que produzem mais energia do que consomem. Segundo Patrick, há um trabalho em desenvolvimento para que todos os edifícios sustentáveis na Europa até 2020 atuem com o conceito de energia positiva.

Além disso, o continente também visa os Low Carbon Buildings, que trabalham com materiais de baixo carbono e reduzem suas emissões de energia na atmosfera. Este é um fator essencial na mitigação de ilhas de calor.

“O reúso de materiais também é fundamental, assim como fazer boas reformas que foquem na sustentabilidade. É necessário trazer mais biodiversidade e espaços verdes para as cidades, deixando-as mais confortáveis e saudáveis para a sua população”, afirmou Patrick Nossent.

Outro ponto levantado pelo especialista e que tem grande relevância nos referenciais técnicos do AQUA-HQE foi a qualidade do ambiente interno, que deve ser planejada assim como é o ambiente externo. “Trabalhar as várias disciplinas da construção, como qualidade do ar, temperatura interna, qualidade acústica, etc., tudo isso tem um impacto gigantesco na saúde e no conforto dos usuários”, completou.

Tecnologia e inovação

Um aspecto fundamental para o desenvolvimento de cidades inteligentes é a transformação digital. Durante sua palestra, Patrick trouxe resultados de pesquisas que indicam que nos próximos anos cada pessoa terá até seis coisas conectadas à internet.

“A Internet das Coisas (IoT) muda a nossa relação com as coisas, os equipamentos, o ambiente, trabalho, as casas e as cidades. Temos que valorizar os impactos positivos e minimizar os negativos destas inovações”, ressaltou.

A transformação digital também faz relação com a matriz energética da cidade, afinal, um terço do consumo de energia é referente aos serviços digitais – como proteção de dados e segurança. Quanto maior a geração de energias renováveis, melhor para o desenvolvimento sustentável.

Mas, como construir e operar edifícios com estas novas ferramentas? “Os prédios se tornam plataformas de serviços e devem ser pensados como smartphones gigantes, oferecendo serviços e valores aos ocupantes. Temos que levar em conta a modelagem da informação, a sua gestão e interatividade”, afirmou Patrick.

Para o francês, o edifício sustentável é o primeiro passo para o desenvolvimento de cidades inteligentes. É o que vai introduzir todo o conceito de gestão, serviços, comunicação e segurança digital.

Exemplo francês

Para se ter uma smart city de sucesso é necessário envolver todos os participantes – governo, indústria e cidadãos. “Queremos atingir objetivos e metas específicas das cidades e suas respectivas populações. Por isso, as participações de cidadãos e agentes políticos são igualmente fundamentais”, falou.

O equilíbrio é o que traz uma cidade funcional e não apenas equipada de tecnologias. Segundo o palestrante, na França, os políticos apoiam a causa da sustentabilidade e das cidades inteligentes. “Eles sabem da importância, principalmente por causa do Acordo de Paris. Estamos convencidos do valor da sustentabilidade para a economia e para os cidadãos”, finalizou Patrick Nossent.

Outras palestras

evento sobre cidades inteligentes
Conecticidade, evento realizado pela Fundação Vanzolini. Fotos de Antônio Bongiovanni, Antônio Limongi, Gabriel Novaes, Marcos Lamego (Blackbird Art), Maria Luiza Salomé.

No primeiro dia, o Conecticidade ainda contou com palestras sobre urbanismo, com a arquiteta e urbanista Adriana Levisky; e construção sustentável, com o José Joaquim do Amaral Ferreira, diretor de certificação da Fundação Vanzolini e Manuel Carlos Reis Martins, coordenador executivo dos projetos AQUA-HQE, PBE Edifica e EPD Brasil; entre outras apresentações.

O segundo dia contou om palestras de João Amato Neto, sobre economia circular; IoT para cidades inteligentes, com Fábio Kon, professor titular do Instituto de Matemática e Estatística da USP; e um case da cidade de Boston, nos EUA.

Todos os conteúdos apresentados estão disponíveis no site oficial do evento, clicando aqui.

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