Pneus inservíveis devem receber destinação ambiental correta para não agredirem o meio ambiente. Reciclanip faz trabalho de gestão e conta com mais de 1 mil pontos de coleta no Brasil.

Reciclanip já destinou cerca de 835 milhões de pneus inservíveis
Fotos: Divulgação/Reciclanip

Segundo o Relatório de Pneumáticos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) 2017, mais de 457 mil toneladas de pneus tiveram a correta destinação ambiental feita pelos fabricantes nacionais em 2016. Os números mostram que a meta de descarte dos pneus inservíveis produzidos no Brasil foi cumprida além do esperado. Pneus inservíveis são aquelas cuja vida útil acabou e precisam receber a destinação ambiental correta para não causar danos à natureza.

Para alcançar este resultado fundamental para a sustentabilidade, é preciso ter um processo de logística reversa do produto, incentivando a coleta, destinação e a reciclagem de pneus inservíveis. Para realizar toda esta gestão, os fabricantes nacionais podem contar com a Reciclanip, entidade sem fins lucrativos que conta com 1.024 pontos de coleta em todo o território nacional e gerencia o processo de logística reversa para a indústria de pneus.

A Reciclanip foi criada em 2007 pela Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP) e, atualmente, é considerada uma das principais iniciativas na área. De acordo com dados da entidade, de 1999 a 2016 foram cerca de 4,17 milhões de toneladas de pneus inservíveis coletados e destinados adequadamente, o equivalente a 835 milhões de pneus de passeio. “Segundo pesquisadores, a borracha que produz o pneu pode levar até 600 anos para se decompor na natureza. Pela complexidade da construção do pneu, não é possível utilizá-lo para produzir outro. Por isso é essencial destiná-lo corretamente para que possa ser reutilizado para criar outros itens”, diz Rafael Martins, gerente da Reciclanip.

A classificação de um resíduo para determinação de sua periculosidade se dá em função de suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas. No caso dos pneus, incluindo os inservíveis, eles são classificados como resíduo Classe II B – Inertes, ou seja, por si só não oferecem risco. No entanto, é extremamente importante o manejo e a armazenagem adequada do produto, bem como a logística reversa e destinação ambientalmente correta dos pneus inservíveis. “Seu risco está diretamente ligado ao armazenamento inadequado, por exemplo, a céu aberto, já que, por conta do seu formato, pode acumular água das chuvas e, por consequência, causar a proliferação de alguns vetores”, afirma Rafael.

Regulamentação

Mas como saber que a vida útil do produto terminou e não há margem para reparos? Os pneus possuem um limite de segurança de 1,6 mm de profundidade dos sulcos. Abaixo desta medida, a unidade já passa a ser considerada “careca”. A resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) 558/80 – que dispõe sobre a fabricação e reforma de pneus – estabelece que trafegar com pneus abaixo deste limite é ilegal e pode ocasionar, até mesmo, na apreensão do veículo.

Para evitar este tipo de problema, os fabricantes colocam ressaltos na base dos sulcos para indicar o desgaste máximo sem precisar de um medidor. Desta forma, após chegar ao limite de segurança estabelecido, o melhor a se fazer é trocar os pneus e realizar o descarte correto do inservível em um Ponto de Coleta.

Segundo Rafael, a indústria de pneus está fazendo a sua parte para reduzir os impactos dos resíduos sólidos à saúde humana e ao meio ambiente. O objetivo agora é ter um alcance maior. “Nosso desafio é ampliar as destinações e tornar o pneu um resíduo de valor positivo. Além da indústria, é fundamental que a população como um todo se conscientize sobre a importância da reciclagem.”

O gerente da Reciclanip afirma que a atuação da entidade atende a Resolução 416/2009 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que regulamenta a coleta e destinação dos pneus inservíveis. “Nosso trabalho é para fortalecer as iniciativas do Programa Nacional de Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis criado em 1999, seguindo o modelo de gestão de empresas europeias, com grande experiência nessa área”, diz.

Processo de logística reversa

Aço retirado dos pneus antes do processo de trituração
Aço retirado dos pneus antes do processo de trituração

O processo todo começa com o recebimento e armazenagem adequada dos pneus recolhidos pelo serviço municipal de limpeza pública ou, até mesmo, aqueles que são levados diretamente por borracheiros, recapadores e descartados voluntariamente pelos cidadãos. Neste link é possível encontrar os pontos de coleta disponibilizados pela entidade. A entrega pode ser agendada e é gratuita.

O material é levado para um processo longo. Eles são cortados e triturados para, então, servirem como matéria-prima para a reciclagem. O aço é retirado e reaproveitado na indústria siderúrgica. Já a borracha, após ser triturada em diversos tamanhos, pode servir para diversos propósitos.

Pneus inservíveis triturados
Pneus inservíveis triturados

Os pedaços maiores da borracha são usados como combustível alternativo em cimenteiras devido ao seu alto poder calorífico, uma das formas comuns de reaproveitamento no Brasil. Por sua vez, os pedaços menores de borracha são aproveitados para produzir outros itens, como pisos de quadras poliesportivas, solas de sapato, pisos industriais e tapetes de automóveis.

Também é possível encontrar uma destinação para o pó de borracha, o qual é utilizado para produzir asfalto-borracha, que é mais resistente e tem uma durabilidade maior que o asfalto comum e exige menos manutenção.

“A Reciclanip já foi reconhecimento por importantes órgãos devido ao seu trabalho com logística reversa de pneus inservíveis, como o Prêmio E, concedido pela UNESCO em parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro e o Instituto E; o Prêmio FIESP como exemplo de ação de sustentabilidade; e o Prêmio Opinião Pública (POP) dos Conselhos de Relações Públicas pelo trabalho de conscientização da população sobre o recolhimento e destinação adequada dos pneus inservíveis”, finaliza Rafael Martins.

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