Hospital São Camilo coletou mais de 12 kg de bitucas de cigarro em apenas três meses de projeto, evitando a contaminação de cerca de 18 mil litros de água.
Você pode até pensar que uma simples bituca de cigarro não é nada demais, no entanto, ao olhar para o chão das ruas da sua cidade, é fácil notar que este é um grande problema dos centros urbanos. Apesar de parecerem inofensivas aos olhos de muitas pessoas, elas são o lixo mais comum do mundo e muito danoso ao meio ambiente.
Para se ter uma ideia, o filtro do cigarro demora cerca de 5 anos para se decompor. As bitucas de cigarro são responsáveis por poluírem o meio ambiente, entupir as redes fluviais das cidades, gerar incêndios e, principalmente, poluir litros de água. Geralmente, regiões com um fluxo maior de pessoas – e, especialmente, que concentram bares – são as mais prejudicadas pelo lixo jogado no chão.
Para tentar amenizar esta situação em suas dependências e arredores, a Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo implantou como uma de suas metas de sustentabilidade uma resolução para o problema das bitucas de cigarro. A atuação visa conscientizar, incentivar e organizar o descarte correto destes resíduos, evitando que eles sejam jogados no chão das ruas.
Para Marisa Coutinho – gerente de hotelaria da Rede de Hospitais São Camilo e uma das responsáveis pelo projeto –, o ideal é que o trabalho seja cada vez mais expandido, de forma que cada pessoa tenha consciência pelos seus atos. “Os trabalhos de combate ao tabaco não devem se restringir apenas à conscientização da saúde, mas também da responsabilidade individual nesse processo de descarte, que pode ser nocivo para a saúde e para o ambiente coletivo.”
Só em São Paulo – segundo dados de 2014 da organização social Rede Papel Bituca – são jogadas no chão, diariamente, 34 milhões de pontas de cigarro, o que corresponde a 1,7 milhões de maços. Este volume poderia encher um apartamento de 70 metros quadrados. As bitucas de cigarro são classificadas como lixo tóxico Classe 1 (a mesma categoria dos resíduos hospitalares), pois carregam mais de 8 mil substâncias tóxicas somente no filtro.
Descarte correto e reciclagem
O projeto da Rede de Hospitais São Camilo conta com parceria da Poiato Recicla, responsável pela primeira estação de coleta e reciclagem de resíduos de cigarro do Brasil. Através da gestão completa dos resíduos tóxicos, a empresa fornece uma solução inteligente e eficaz para o descarte correto da matéria. Os resíduos recolhidos são submetidos a um processo de reciclagem e transformados em massa celulósica – papel artesanal reciclado –, utilizando tecnologia 100% nacional desenvolvida pela UnB – Universidade de Brasília.
No primeiro momento, são disponibilizadas caixas coletoras apropriadas para o descarte das bitucas. O material é coletado por uma equipe especializada da empresa e passa por uma etapa de pesagem, sendo encaminhado, em seguida, para a Usina de Reciclagem de resíduos de cigarro da Poiato Recicla, situada na cidade de Votorantim (SP).
A reciclagem consiste em um processo químico e de cozimento para descontaminação de todo material. Esta primeira etapa dura 5 horas e, então, elas seguem para o processo de lavagem – o qual pode ser feito com água provinda de captação de chuva. Para finalizar, as bitucas de cigarro chegam a um triturador, onde são descaracterizadas e prensadas, transformando-se em massa celulósica (papel artesanal reciclado).
A Rede de Hospitais São Camilo – assim como os demais clientes da Poiato Recicla – recebe um relatório e a certificação da destinação correta dos resíduos. Só nos primeiros três meses do ano, por exemplo, os impactos ao meio ambiente foram minimizados de forma expressiva. Neste período, foram coletados mais de 12 kg de bitucas que deixaram de contaminar aproximadamente 18 mil litros de água.
Para Marisa, a colaboração da população, clientes e funcionários da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo é o grande segredo para os bons resultados do projeto. “O sucesso do programa se dá pela colaboração dos usuários, preservando a limpeza do ambiente e a saúde de todos”.
As massas celulósicas totalmente livres das toxinas são encaminhadas para escolas e instituições para trabalhos de artes. Nessas oficinas os professores ensinam os alunos a utilizarem a massa celulósica para confecção de envelopes, capas de caderno, pastas, blocos e tantos outros materiais. Vale ressaltar que todo material reciclado é encaminhado gratuitamente para as instituições de ensino.