Mais de 105 mil arquitetas e urbanistas estão registradas no CAU/BR, representando 63,10% do total. Apenas em dois Estados a presença de homens é maior.
Mais de 105 mil mulheres arquitetas e urbanistas estão registradas no Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) no Brasil. O número representa 63,10% do total de profissionais cadastrados. A entidade divulgou hoje, Dia Internacional da Mulher, dados atualizados referentes à participação feminina no setor de arquitetura e urbanismo.
Ao todo, são mais de 167 mil arquitetos e urbanistas ativos e registrados no CAU atualmente. As mulheres representam a porcentagem, enquanto 36,90% – mais de 61 mil – são homens. Em 2018, os percentuais eram de 62% (mulheres) e 38% (homens), o que mostra um pequeno crescimento neste ano.
A tendência, segundo a entidade, é de que a participação feminina seja ainda maior nos próximos anos, já que a presença de mulheres em cursos de arquitetura e urbanismo também é superior a de estudantes do sexo masculino – 67% dos alunos são mulheres.
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Cargos de liderança
Os fatos, contudo, ainda não são notados proporcionalmente pela sociedade – situação esta que não é exclusiva do Brasil e se repete em outros países. De acordo com Beatriz Colomina, historiadora espanhola e professora da Universidade de Princeton (EUA), “as mulheres são os fantasmas da arquitetura moderna, sempre presentes, cruciais, mas estranhamente invisíveis”.
A questão não é somente a presença no mercado de trabalho, mas, sim, a busca por melhores condições femininas na profissão e a ocupação de posições de liderança e de destaque em importantes organizações do setor. No CAU, por exemplo, apenas sete das 27 presidências das filiais espalhadas pelas unidades federativas do Brasil são ocupadas por mulheres.
Os argumentos não se restringem ao interior da profissão. A expectativa é de que a presença majoritária de mulheres no ramo de arquitetura e urbanismo possa colaborar efetivamente para reverter o quadro de produção de cidades sem preocupação com as necessidades de mulheres e crianças, contribuindo assim para o desenvolvimento sustentável.
“Não é apenas uma questão de adicionar alguns nomes ou mesmo milhares à história da Arquitetura. Não é apenas uma questão de justiça humana ou precisão histórica, mas uma maneira de entender mais completamente a arquitetura e as formas complexas em que é produzida”, afirma Beatriz Colomina.
Panorama geral
Os dados divulgados pelo CAU mostram que na distribuição por Estados, São Paulo tem o maior contingente de profissionais registrados na entidade. São mais de 53 mil ao todo, sendo 33 mil mulheres e pouco mais de 20 mil homens.
No Rio de Janeiro são mais de 11 mil mulheres contra 8 mil homens; em Minas Gerais são mais de 8.800 arquitetas e urbanistas, enquanto apenas 4 mil são do sexo masculino. Ao todo, em 24 Estados brasileiros e no Distrito Federal a presença de profissionais do sexo feminino é majoritária.
Em 11 Estados – Rio Grande do Norte, Alagoas, Espírito Santo, Minas Gerais, Pernambuco, Goiás, Paraíba, Santa Catarina, Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul – o percentual de arquitetas e urbanista chega a ser maior do que a média nacional (63%). Apenas Acre e Amapá possuem mais homens registrados no CAU.
Em relação à faixa etária, as profissionais de até 25 anos representam 79% do total de arquitetos e urbanistas. Entre 26 e 30 anos, o percentual é de 72%. A maioria se mantém até a faixa dos 60 anos, apenas acima dos 60 os homens assumem a predominância.
O Conselho de Arquitetura do Brasil também divulgou alguns aspectos inéditos até então referente à presença feminina no setor. Por exemplo, as arquitetas e urbanistas são maioria entre os profissionais que emitem Registros de Responsabilidade Técnica (RRTs) de projetos ou obras com limite de 50 por ano. Com 47%, elas quase se igualam aos homens na emissão de mais de 50 RRTs por ano.
Já em relação às atividades, nos últimos dois anos, 55,7% se dedicaram à concepção de projetos, 33% realizaram atividades especiais em arquitetura e urbanismo (assessoria, consultoria, assistência técnica, avaliação, laudo técnico, entre outras) e 7% participaram da execução. Vale destacar que apenas 0,5% desempenharam atividades relacionadas à gestão.
Veja os dados completos do diagnóstico no site da CAU/BR.
Fazendo a sua parte
O CAU/BR foi admitido pela Organização das Nações Unidas (ONU) na Plataforma de Empoderamento das Mulheres (WEP), assumindo, desta forma, o compromisso de desenvolver uma agenda de promoção à igualdade de gênero, seja internamente seja externamente.
Os “Princípios de Empoderamento das Mulheres” oferecem orientações para que as organizações capacitem suas colaboradoras no local de trabalho, no mercado e na comunidade. Ao longo do ano, o CAU realizará uma série de debates sobre o tema.
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