Iniciativa da sociedade civil ganhou apoio do prefeito e empresas de vários setores, inclusive de arquitetura e construção.
Londres já é uma das capitais com a maior proporção de área verde no mundo – nada menos que 47% do terreno da cidade. Mas, mesmo com 3,8 milhões de jardins, 8,3 milhões de árvores 142 reservas naturais, a cidade tem objetivos ainda mais ambiciosos em relação à sustentabilidade: se tornar uma referência internacional em preservação da natureza, sendo, em 2019, a primeira Cidade-Parque Nacional do mundo.
Para alcançar esse feito, a sociedade civil londrina lançou o movimento National Park City, ganhando inclusive apoio da comunidade política, de empresas e de instituições locais. Em um momento raro, os principais partidos ingleses (Conservador e Trabalhista) passaram na Assembleia de Londres uma moção de apoio à iniciativa, ao que se seguiu uma campanha de crowdfunding para criar uma proposta formal de mudanças rumo à sustentabilidade. Mais de 35 mil libras – equivalente a quase R$ 160 mil – foram arrecadadas e tal documento foi elaborado, e você pode conferi-lo clicando aqui.
Os principais objetivos da campanha são: dar acesso aos grandes parques da região de Londres a 100% dos moradores; levar as crianças a ter contato com a natureza desde a infância; tornar a maior parte de Londres área verde; melhorar a qualidade do ar da cidade; inspirar negócios sustentáveis; em suma, tornar a própria cidade um grande parque nacional.
A ideia do movimento não é formar um corpo burocrático, ou mesmo ter uma estrutura formal, mas funcionar como uma incubadora de ideias que, com o apoio da população, influencia empresas e agentes públicos a preservar a melhorar os aspectos sustentáveis da cidade.
Evento oficial
A iniciativa National Park City ganhou apoio entusiástico do prefeito de Londres, Sadiq Khan, que anunciou, para o período entre 21 e 29 de julho deste ano, a Semana da Cidade-Parque Nacional. Esses dias marcam o início das férias escolares, que será aproveitado para a promoção de uma série de atividades. Khan convocou os próprios cidadãos, organizações e empresas a planejarem seus eventos, que devem incluir prática de esportes, caminhadas, ações de plantação coletiva e outras.
“Londres ostenta uma incrível quantidade de espaços verdes que quero proteger e aprimorar enquanto miramos nos tornarmos a primeira Cidade-Parque Nacional do mundo. Tornando nossa cidade uma das mais verdes na Terra, vamos melhorar a qualidade do ar, conservar a vida selvagem e desenvolver uma infraestrutura sustentável que beneficie todos os londrinos”, disse o prefeito, no anúncio oficial da Semana.
Na construção
Empresas do ramo de construção e arquitetura estão entre as que pensam em soluções para o futuro sustentável planejado para Londres. Uma delas é o escritório de arquitetura WATG, que, em sua divisão de paisagismo, elaborou um conceito de solução que pode unir, em um mesmo produto, natureza e sistema construtivo: o bloco verde.
Os blocos modulares, que estão em desenvolvimento pela empresa, seriam permeados com sementes em seu interior, com um reservatório interno para irrigação e vazão para que as espécies plantadas cresçam e se misturem à construção. Não está claro de que material esses blocos seriam feitos, mas o WATG garante que a tecnologia poderia ser usada de diversas formas.
Tomar o espaço de asfalto conforme a demanda por carros individuais diminua; acrescentar materiais verdes a estabelecimentos como cafés, fachadas de lanchonetes e outros estabelecimentos que queiram acrescentar elementos naturais à sua identidade; adornamento de prédios variados; e delineação de pontos de ônibus e vias para ciclistas são alguns dos usos sugeridos pelo escritório, que lembra, ainda, que os blocos verdes ajudariam a filtrar e melhorar a qualidade do ar londrino – um dos objetivos visados pela iniciativa Cidade-Parque Nacional.
De acordo com o WATG, o bloco verde deverá ser testado ainda neste ano. A empresa afirma ter planejado esse sistema específico para o clima londrino, mas garante que soluções semelhantes possam ser elaboradas para uso em qualquer região do mundo.