Dióxido de carbono gera ácido ao encontrar em contato com a água, contribuindo para uma constante deterioração desses organismos.
Não bastasse a poluição no ar e o efeito estufa, o dióxido de carbono (CO2) também é o vilão que ameaça os recifes de coral nos oceanos. Um artigo publicado por cientistas australianos na revista Science aponta que o contato do gás com a água gera um ácido que, a continuar a ser produzido nas próximas décadas, pode fazer com que os recifes se dissolvam antes do fim desse século.
Formados por calcário originário de peixes, algas e outros organismos que se acumulam com o passar dos anos e têm seu carbonato de cálcio estratificado pelos corais, os recifes estão constantemente perdendo substância, mas ainda ganham corpo em ritmo mais rápido, na medida em que mais sedimentos são adicionados à sua estrutura. O que pode acontecer com a constante acidificação do mar causada pelo CO2, no entanto, é a dissolução ultrapassar o ritmo de formação dos corais.
A manutenção dessa estrutura é importantíssima para a biodiversidade marinha, já que os recifes abrigam uma infinidade de seres. Logo, eles exercem também um efeito indireto na cadeia alimentar desse ecossistema, o que acaba, posteriormente, afetando a própria interação com os seres humanos. A pesca predatória e o turismo desenfreado são outras ameaças imediatas aos recifes de coral.
Os cientistas responsáveis pelo estudo apontam que os sedimentos que compõem os recifes são os mais afetados pela acidificação – 10 vezes mais que os próprios corais. No ritmo atual, os organismos ainda conseguem extrair o carbonato de cálcio da própria água, o que ameniza o problema. Mas, uma vez que o ritmo de dissolução for maior que o de composição, “não se sabe se o recife como um todo vai erodir e passar por uma experiência catastrófica”, disse o coordenador do estudo, Bradley Eyre, da Southern Cross University
Alguns sistemas específicos já correm perigo: um deles é o recife da Baía de Kaneohe, no Havaí. Segundo Eyre, não está descartado que, levadas às últimas consequências, a acidificação e deterioração dos recifes podem ameaçar ilhas inteiras no Pacífico e no Caribe. Um cuidado imediato a se tomar, diz, é a máxima redução possível na emissão e CO2.
No Brasil, recifes de coral se estendem por quase 3 mil quilômetros de costa, do Maranhão ao sul da Bahia.
Fonte: Reuters