Projeto LIRA – Legado Integrado da Região Amazônica auxilia na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, atuando em rede e conciliando desenvolvimento socioeconômico e conservação da floresta

Um recente artigo publicado na revista Science, intitulado Um rio em fluxo, alerta para as mudanças climáticas extremas na Amazônia, com enchentes e secas severas se tornando cada vez mais comuns na região. O estudo destaca os impactos devastadores desses eventos na vida das pessoas e nos ecossistemas locais, além de levantar preocupações sobre o futuro da maior floresta tropical do mundo.

Durante uma seca recorde no ano passado, foram encontradas dunas de areia formadas em canais do Rio Amazonas, expondo vestígios de civilizações antigas. Essa seca, descrita como a pior da história moderna da região, teve efeitos drásticos, como a mortalidade de golfinhos de água doce e peixes, e ameaçou a subsistência de comunidades ribeirinhas.

Fabiana Prado, gerente do LIRA / IPÊ – Legado Integrado da Região Amazônica, do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, enfatiza a necessidade de medidas para proteger a Amazônia e suas comunidades.

“A conservação da floresta e a redução das emissões de gases de efeito estufa são passos fundamentais para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas na região”.

Fabiana Prado, gerente do LIRA / IPÊ

O LIRA /IPÊ promove o desenvolvimento sustentável na Amazônia, conciliando a conservação ambiental com o bem-estar das comunidades locais. “Nosso objetivo com o LIRA é promover e expandir a gestão integrada para conservação da biodiversidade, manutenção da paisagem com suas funções climáticas, e desenvolvimento socioambiental e cultural de povos e comunidades tradicionais”, conta. O projeto trabalha em parceria com diversos atores, como governos, organizações não governamentais e comunidades, para promover a sustentabilidade na região, desenvolvendo estratégias de uso responsável dos recursos naturais e apoiando iniciativas que fortaleçam a resiliência das comunidades locais frente às mudanças climáticas.

Outro estudo publicado em fevereiro na Nature, intitulado Transições Críticas no Sistema da Floresta Amazônica, aborda a possibilidade de a Floresta Amazônica atingir em breve um ponto de inflexão, resultando em um colapso em larga escala, devido ao estresse sem precedentes causado pelo aquecimento global, secas extremas, desmatamento e incêndios. Os autores analisam cinco principais fatores de estresse hídrico na Amazônia e identificam potenciais limiares críticos desses fatores que, se ultrapassados, podem desencadear o colapso da floresta. Estima-se que até 2050, de 10% a 47% da Floresta Amazônica estará exposta a distúrbios que podem desencadear transições inesperadas do ecossistema e exacerbar as mudanças climáticas regionais.

O estudo destaca a importância de esforços locais para acabar com o desmatamento e a degradação e expandir a restauração, juntamente com esforços globais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, a fim de manter a resiliência da floresta amazônica no Antropoceno. “Diante de um cenário de mudanças climáticas cada vez mais rigorosas, é urgente que ações concretas sejam tomadas para proteger a Amazônia e suas comunidades”, afirma. O LIRA / IPÊ atua em 59 áreas protegidas abrangendo 58 milhões de hectares de floresta em pé, por meio de uma abordagem integrada que concilia o desenvolvimento socioeconômico e a conservação ambiental. Um modelo de gestão que busca garantir a sobrevivência da Amazônia e de seus habitantes.

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