Edifícios que já foram cadeias, sanatórios e residências hoje recebem a população como instituições culturais.
A história está repleta de mulheres que foram referências, seja por suas lutas civilizatórias, produções artísticas e culturais, ações políticas ou outras contribuições. Além de terem seus feitos registrados para a posteridade, algumas ficaram também eternizadas em edifícios históricos – seja porque moraram neles ou por homenagens recebidas após sua morte. São Paulo reúne alguns desses locais, que entraram para o patrimônio do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado (Condephaat) e hoje funcionam como museus e centros culturais.
No Dia da Mulher, conheça cinco desses exemplos, que reúne, além da importância histórica, características arquitetônicas singulares e carregadas de elementos de séculos passados:
Casa de Dona Veridiana
Veridiana Valéria da Silva prado foi uma intelectual e aristocrata brasileira que teve o auge de sua influência entre a elite paulista nas décadas finais do século 19. Ela viveu no palacete que você vê acima, encomendado pela própria e mesclando elementos da Renascença Francesa e reminiscências renascentistas italianas. Trata-se de uma referência para todos que moram no bairro de Higienópolis, hoje reduto da classe mais abastada paulistana. Obras como a pintura Aurora, de Almeida Junior, e a escultura Diana, de Victor Brecheret, ocupam o edifício, que também serve como sede do Iate Clube de Santos.
Cadeia Velha de Santos – Pagu
Na principal e mais histórica cidade do litoral paulista, esteve pela primeira vez presa, em 1931, uma mulher por perseguição política. Patrícia Galvão, conhecida como Pagu, apoiou a greve dos estivadores de Santos e defendia um protagonismo maior da mulher na tomada de decisões. Acabou sendo presa pelo regime de Getulio Vargas no edifício, construído em 1869 e hoje. Tendo também servido, ao longo dos anos, como Paço Municipal, fórum e hospital, o prédio agora será dedicado à Oficina Cultural Pagu, que homenageia Patricia e promove a inclusão cultural.
Casa de Tarsila
Foi nessa casa simples, na região de Piracicaba, que nasceu a pintora Tarsila do Amaral, expoente histórico do modernismo brasileiro. Com o estilo característico de casa senhorial do século 19, a construção agora vem sendo revitalizada para se tornar um museu da escola artística que a artista consagrou.
Sanatório Vicentina Aranha
Construído a partir de 1918 para tratar pacientes de tuberculose em São José dos Campos, esse sanatório foi considerado referência no ramo, sendo uma das maiores estruturas do tipo construídas nessa época. Com várias edificações unidas por passarelas cobertas, o empreendimento foi viabilizado graças à contribuição de Vicentina Aranha, aristocrata da região. Hoje, a área de 84 mil metros quadrados conserva os edifícios, mas foi transformada em parque, revertendo-se em um belo pedaço de natureza à disposição da população.
Solar da Marquesa de Santos
Domitila de Castro Canto e Melo, a Marquesa de Santos, foi amante de Dom Pedro I, durante o período da independência do Brasil, em uma relação que, apesar de não oficial, era conhecida por praticamente todos. O caso extraconjugal durou até 1829, quando o imperador casou-se pela segunda vez e a manteve preterida. Domitila foi então para São Paulo, onde comprou a casa acima e se casou com o brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar. Ela promovia diversos encontros e saraus literários em seu solar, que hoje pertence à prefeitura de São Paulo e abriga o museu da Cidade.