Conversamos com Rodrigo Sauaia, presidente-executivo da ABSOLAR, sobre os rumos da energia solar fotovoltaica e o seu enorme potencial para o futuro.

Energia solar fotovoltaica pode atender 170x demanda atual
Foto: pxhere.
Entre 5 e 8 de junho, o portal Going GREEN Brasil  traz uma série de reportagens sobre os rumos do mercado de Energia Solar no Brasil. Desde os grandes números do mercado, os desafios da geração e distribuição da energia, cases de energia solar, os principais equipamentos e como planejar e implantar uma obra de energia solar serão temas abordados neste especial. Clique aqui para ver os conteúdos já publicados e ajude a promover esta que é uma das principais fontes de energia renovável do nosso planeta. 

Nos últimos anos, o Brasil tem se tornado um grande produtor de energia oriundas de fontes renováveis, avançando em questões regulatórias e entrando de vez no eixo de países que apostam no desenvolvimento sustentável. E, apesar de representar uma quantidade muito inferior ao seu verdadeiro potencial, a energia solar é uma das grandes fontes de energia limpa que podemos aproveitar.

A matriz elétrica brasileira produz hoje pouco mais 167 GW, de acordo com a Agência Nacional da Energia Elétrica (Aneel). A matriz ainda é amplamente dependente das usinas hidrelétricas, que somam mais da metade da geração nacional de energia elétrica. Segundo dados da agência 60,69% vêm das hidrelétricas, 16% de fontes fósseis, 8,74% de biomassa, 7,71% de eólica, 4,88% de importação, 1,19% de nuclear e 0,7% de solar – números consultados no dia 07 de junho de 2018.

A diversificação das fontes de energia é importante para a preservação de recursos naturais e o desenvolvimento sustentável de todo o mundo. O otimismo em relação à energia solar é totalmente justificado pelos seus números. Segundo Rodrigo Sauaia, presidente-executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), “o setor destacou-se em comparação com a economia nacional, crescendo a taxas de 100% por ano desde 2013”.

Crescimento constante de energia solar

Embora as hidrelétricas sejam consideradas uma das matrizes renováveis mais limpas – uma vez que é produzida a partir da água –, é preciso lembrar que esta não é uma fonte interminável de recursos, afinal, ela é utilizada para inúmeras atividades produtivas, além do próprio consumo. Recentemente, alguns estados brasileiros passaram por graves crises hídricas, gerando enorme preocupação no setor de meio ambiente. Além disso, não podemos esquecer as consequências do aquecimento global – que acaba reduzindo o nível de água no mundo.

Energia solar fotovoltaica tem enorme capacidade de crescimento
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A energia solar possui um enorme potencial de força competitiva e de crescimento na matriz elétrica brasileira. De acordo com dados da ABSOLAR, a energia solar fotovoltaica produzida no País tem capacidade de atender a uma demanda 170 vezes maior que a necessidade atual. Em janeiro de 2018, a produção nacional alcançou uma marca história de 1,1 GW de energia solar fotovoltaica operando na matriz – marca que posicionou o País dentro das 30 principais nações no mundo em energia solar fotovoltaica.

A projeção da associação é de que o Brasil ultrapasse 2 GW até o final do ano. Já a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) – vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME) – prevê que a fonte solar fotovoltaica represente cerca de 10% da matriz elétrica no País em 2030, ante o percentual abaixo de 1% atual.

Para Sauaia, o ideal é que todas as fontes de energia trabalhem em conjunto para que o desenvolvimento ocorra de maneira sustentável. “Acreditamos que a energia solar fotovoltaica deve atuar como um complemento para as hidrelétricas, balanceando a utilização dos recursos naturais disponíveis. Há muito potencial e espaço para o setor crescer no Brasil”, afirma o presidente da entidade.

Para se ter uma ideia do potencial que a energia solar pode alcançar, enquanto o potencial técnico hidrelétrico nacional é de 170 GW e o eólico é de 440 GW, o potencial técnico solar fotovoltaico supera 28.500 GW, sendo maior do que o de todas as demais fontes combinadas.

Geração distribuída

Pensando na possibilidade de aproveitar ainda mais os recursos gerados pela energia solar fotovoltaica, alguns incentivos e regulamentações estão facilitando a produção e o uso da própria energia por parte de consumidores residenciais, comerciais, industriais, edifícios públicos e em zonas rurais. São os chamados sistemas de geração distribuída.

A Aneel aprovou a Resolução Normativa nº 482/2012, bem como o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) criou o Convênio ICMS nº 16/2015. Ambas estabelecem condições gerais para o acesso de microgeração e minigeração de energia distribuída, assim como o sistema de compensação de energia elétrica conectada à rede.

De acordo com dados da ABSOLAR, são mais de 27 mil sistemas de geração distribuída, que somam mais de 246 MW de potência. Ao considerar os números de sistemas instalados, os consumidores residenciais estão no topo da lista, representando 77,4% do total. Em seguida, aparecem as empresas dos setores de comércio e serviços (16%), consumidores rurais (3,2%), indústrias (2,4%), poder público (0,8%) e outros tipos, como serviços públicos (0,2%) e iluminação pública (0,03%).

Já em termos de potência, os consumidores dos setores de comércio e serviços lideram o uso da energia solar fotovoltaica, com 42,8% da potência instalada no País, seguidos de perto por consumidores residenciais (39,1%), indústrias (8,1%), consumidores rurais (5,6%), poder público (3,7%) e outros tipos, como iluminação pública (0,03%), e serviços públicos (0,6%). O valor em investimentos privados injetados na economia nacional é acima de R$ 1,6 bilhão.

Sistemas de geração distribuída em expansão no País
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Se considerarmos um cenário ideal – onde todos os estabelecimentos residenciais tenham instalados painéis fotovoltaicos em seus telhados –, seria possível atingir uma potência de duas ou três vezes maior do que a necessária para abastecer todos os domicílios do País. Neste aspecto, a medida aprovada pelo BNDES de liberar financiamento para pessoas físicas investirem em instalação de sistemas de energia solar fotovoltaica se torna ainda mais acertada.

Com as normas regulamentárias em vigor, os consumidores brasileiros em geral têm mais chances de produzir a própria energia solar fotovoltaica e, dessa maneira, diminuir os gastos com conta de luz até chegar um momento em que o custo será zero. Isso porque o investidor tem a possibilidade de ganhar créditos que podem ser utilizados em futuras contas de luz, devido ao excedente produzido e não desperdiçado. Ao conectar o seu sistema fotovoltaico na rede, o percentual gerado a mais do que o utilizado para consumo próprio é injetado em uma rede pública para ser redistribuído para a região onde está instalada.

Em geral, o retorno do investimento inicial feito nas instalações dos painéis solares de geração distribuída acontece de 5 a 7 anos. No entanto, vale ressaltar que esta tecnologia possui uma vida útil de mais de 25 anos, o que dá uma margem muito interessante ao investidor de, no mínimo, 18 anos de benefícios gerados graças a sua própria produção de energia renovável.

Expectativas para o futuro

Além da grande economia proporcionada, a sustentabilidade agrega um enorme valor social e ambiental junto à sociedade. Para Rodrigo Sauaia, presidente-executivo da ABSOLAR, os próximos anos são decisivos para a evolução do setor.

“Estamos vivendo um período marcado por inúmeras transformações tecnológicas, econômicas, políticas, sociais e ambientais. O mundo caminha para um futuro repleto de inovações como veículos elétricos, armazenamento de energia e, é claro, uma presença cada vez maior da energia solar fotovoltaica em áreas urbanas e rurais”, conclui.

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