Atual presidente do Consic/Fiesp, executivo é referência no mercado de construção quando o assunto é qualidade, produtividade e desenvolvimento sustentável.
José Carlos de Oliveira Lima é um daqueles nomes que sempre batalharam em prol do desenvolvimento sustentável da construção civil no Brasil, atuando tanto na cadeia produtiva do setor quanto como empresário. Não à toa, esteve à frente de instituições de renome, liderando avanços de qualidade e produtividade para empresas do segmento de cimento, por exemplo, além de fornecedores de insumos, revendedores e construtoras.
Formado em Engenharia Civil pela Pontifica Universidade Católica (PUC) de Campinas (SP), atualmente, é presidente do Conselho Superior da Indústria da Construção (Consic) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) – além de ser vice-presidente da mesma – e presidente do conselho deliberativo do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos de Cimento (Sinaprocim).
A sustentabilidade é um tema recorrente para José Carlos, que defende o envolvimento deste conceito em cada etapa de obra. Para o executivo, que viu a certificação AQUA-HQE ganhar espaço no mercado e se tornar mais do que uma tendência momentânea, o futuro da construção está relacionado à sustentabilidade e ao surgimento, cada vez maior, de tecnologias que vão ajudar neste processo de transformação.
O executivo desenvolveu importantes ações no mercado que, invariavelmente, fazem parte dos referenciais técnicos do AQUA-HQE, como programas de qualidade e normatização de produtos, além de critérios de eficiência e economia de materiais e de canteiro sustentável. Outra conquista importante foi a redução das alíquotas de ICMS e IPI para produtos da Cesta Básica de Materiais de Construção.
Nesta entrevista exclusiva para o Anuário Green Yearbook 2018, José Carlos fala sobre o seu envolvimento com a Fundação Vanzolini e a certificação concedida pela entidade, além de abordar os desafios e oportunidades que cercam o desenvolvimento sustentável.
Existe uma considerável disseminação e entendimento do conceito por parte da cadeia da construção, contudo, ainda temos um longo caminho a percorrer.
Já são 10 anos da certificação AQUA-HQE no Brasil. Qual é o seu envolvimento com o desenvolvimento da certificação?
Desde que tomei conhecimento da certificação AQUA-HQE percebi a sua importância para a cadeia da construção civil. Logo convidamos o professor José Joaquim do Amaral Ferreira, diretor da área de certificação da Fundação Carlos Alberto Vanzolini, para ser membro no Conselho Superior da Construção (Consic) da Fiesp a fim de disseminar o programa. Em seguida, criamos o protocolo de intenções das Missões Empresarias FIESP-Batimat 2011/13 para ampliar as oportunidades do setor da construção e da sustentabilidade.
O que mudou em termos de desenvolvimento sustentável no setor de construção nesta última década?
As empresas e as pessoas têm adquirido mais consciência da importância de um ambiente saudável, confortável e cujo uso não impacte no meio ambiente, o que também resulta em economia de água, energia, gestão de resíduos, manutenção, conservação e limpeza. Hoje a certificação AQUA-HQE da Fundação Vanzolini já atende essas necessidades.
Qual é a sua avaliação da construção sustentável no Brasil atualmente?
Existe uma considerável disseminação e entendimento do conceito por parte da cadeia da construção, contudo, ainda temos um longo caminho a percorrer para que a sua aplicação ganhe uma escala maior e os benefícios sejam percebidos também pelos consumidores, compreendendo valor em empreendimentos sustentáveis.
Quais são os desafios que ainda enfrentamos?
Primeiro, os empresários precisam acreditar nos retornos desses investimentos. Assim, necessitamos de uma comunicação mais efetiva para conscientização sobre as vantagens em termos de qualidade de vida e economias, com o bônus de baixo impacto ambiental, da escolha de empreendimentos sustentáveis de fato.
O AQUA-HQE contribui com a evolução dos critérios de desempenho. Desde que tomei conhecimento da certificação, percebi a sua importância para a cadeia da construção civil.
Um dos maiores enfoques do processo de certificação AQUA-HQE é em relação ao uso do edifício e conforto do usuário. Por que este aspecto é tão importante para alcançar os níveis de exigências?
De maneira geral, uma edificação tem um bom desempenho quando atende às necessidades do usuário, como conforto térmico, lumínico e acústico. No caso do térmico, está relacionado diretamente ao bem-estar do usuário e consumo eficiente de energia, assim como um bom projeto luminotécnico. No caso do conforto acústico, relaciona-se principalmente com aspectos da saúde do ocupante da edificação, sobretudo nas horas de repouso.
Quais são as tendências em construção sustentável para os próximos anos? Como o AQUA-HQE pode contribuir ainda mais?
A tendência é uma percepção cada vez maior – por parte dos empreendedores e clientes – dos benefícios da construção sustentável. Ao mesmo tempo, os profissionais de projeto absorvem progressivamente estes conceitos, inclusive conectando a definição do produto edifício com seu processo de fabricação, usando ferramentas como o BIM (Building Information Model). Sem esquecer o desenvolvimento de novos materiais e tecnologias para uma construção mais eficaz e para o uso mais inteligente do edifício.
O AQUA-HQE contribui com a evolução dos critérios de desempenho, que incluem os conceitos acima em uma progressão constante, considerando a evolução das tecnologias de projeto, materiais e processo de construção, como a indústria 4.0, bem como a evolução das exigências dos clientes e as necessidades dos empreendedores, além da evolução das normas e regulamentações.