Pritzker, maior premiação do segmento, definiu Isozaki como grande vencedor devido à sua contribuição inovadora e futurística à arquitetura mundial.
![Prêmio Pritzker 2019 homenageia o arquiteto japonês Arata Isozaki](https://i1.wp.com/goinggreen.com.br/wp-content/uploads/2019/03/isozaki_2_1.jpg?resize=800%2C1174&ssl=1)
O Prêmio Pritzker – considerado a maior honraria do mundo da arquitetura – escolheu Arata Isozaki, renomado arquiteto, urbanista e teórico japonês, como o grande homenageado da edição 2019. O anúncio foi feito no último dia 5 e levou em consideração a abordagem visionária e futurística do profissional e sua metodologia transnacional evidenciada desde a década de 1960.
De acordo com o júri do prêmio, Isozaki possui um profundo conhecimento da história e teoria arquitetônica. “Sua busca por uma arquitetura significativa refletiu em seus edifícios, que até hoje desafiam categorizações estilísticas, estão em constante evolução e sempre frescas em sua abordagem”, diz o comunicado oficial.
Nascido em Ōita, ilha japonesa de Kyushu, em 1931, o arquiteto tinha apenas 14 anos quando Hiroshima e Nagasaki foram bombardeadas durante a Segunda Guerra Mundial em 1945. O episódio é creditado pelo próprio como um fator determinante para a sua futura carreira.
Formado em 1954 pela Universidade de Tóquio, os primeiros sucessos na arquitetura ocorreram durante a era seguinte à Segunda Guerra Mundial, quando o Japão se reconstruía dos destroços causados pelo conflito. Antes disso, Isozaki fez diversas viagens para ver o mundo através dos próprios olhos.
“Eu queria sentir a vida de pessoas em lugares diferentes e visitá-las extensivamente dentro do Japão, mas também para o mundo islâmico, aldeias nas profundas montanhas da China, Sudeste Asiático e cidades metropolitanas nos EUA. Estava tentando encontrar oportunidades para fazer isso e continuar questionando: ‘o que é arquitetura?’”, lembra o laureado, que hoje possui 87 anos.
Entre os seus primeiros trabalhos, edifícios como o Ōita Medical Hall (1959-60), Annex (1970-1972) e a Biblioteca Municipal de Ōita (1962-1966) – renomeada em 1996 como Ōita Art Plaza – ajudaram a reconstruir fisicamente a sua cidade natal.
![Biblioteca Municipal de Ōita](https://i0.wp.com/goinggreen.com.br/wp-content/uploads/2019/03/Oita-Prefectural-Library_Yasuhiro-ISHIMOTO03.jpg?resize=800%2C654&ssl=1)
Ao todo, são mais de 100 obras construídas em diversos países. Duas delas com maiores destaques no Japão são a Biblioteca Central de Kitakyushu (1974), em Fukuoka, e o Museu de Arte Moderna de Gunma, inaugurado também em 1974.
![Biblioteca Central de Kitakyushu](https://i2.wp.com/goinggreen.com.br/wp-content/uploads/2019/03/Kitakyushu-City-Library-fujitsuka_Corrected.jpg?resize=800%2C541&ssl=1)
![MOMA Gunma](https://i0.wp.com/goinggreen.com.br/wp-content/uploads/2019/03/MOMA_GUNMA_MAIN.jpg?resize=800%2C631&ssl=1)
Arquitetura global
Sua atuação como arquiteto é vista como essencial para estabelecer um diálogo mútuo entre as sociedades do Oriente e do Ocidente. Foi a partir de seus trabalhos que a visão japonesa desempenhou uma influência maior no design europeu e americano, particularmente na década de 1980.
A precisão e destreza características do trabalho de Arata Isozaki são demonstradas por meio de seu domínio de uma gama intercontinental de técnicas de construção, interpretação de site e contexto e intencionalidade de detalhes.
“Isozaki foi um dos primeiros arquitetos japoneses a construir fora do Japão durante uma época em que as civilizações ocidentais tradicionalmente influenciavam o Oriente, fazendo com que sua arquitetura – que foi influenciada por sua cidadania global – fosse realmente internacional. Em um mundo global, esta comunicação é necessária”, comenta Tom Pritzker, presidente da Fundação Hyatt.
Entre os projetos internacionais mais conhecidos estão o Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles (1981-1986), nos Estados Unidos; e o Palau Sant Jordi (1983-1990), em Barcelona, na Espanha, que foi projetado para os Jogos Olímpicos de 1992. Arata Isozaki ainda teve projetos construídos na Itália, Polônia, China, Qatar, entre outros países ao redor do mundo.
“Isozaki é pioneiro em entender que a necessidade da arquitetura é global e local – que essas duas forças são parte de um único desafio. Por muitos anos, ele tem tentado garantir que as áreas do mundo com longas tradições em arquitetura não se limitem a esta tradição, mas ajudem a espalhá-las e, ao mesmo tempo, aprendam com outros lugares”, afirma Stephen Breyer, presidente do júri.
![Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles](https://i0.wp.com/goinggreen.com.br/wp-content/uploads/2019/03/LACMA-web.jpg?resize=800%2C638&ssl=1)
![Palau Sant Jordi](https://i0.wp.com/goinggreen.com.br/wp-content/uploads/2019/03/12-120-276b.jpg?resize=800%2C668&ssl=1)
Cidade no ar
Vale ressaltar outras características do trabalho desenvolvido pelo arquiteto, que sempre teve uma carreira interdisciplinar, ou seja, expandindo sua atuação para outras áreas, como: desenho urbano, design de moda, gráfico, mobiliário e cenografia, além de ser escritor e crítico de diversos concursos de arquitetura.
Em 1962, Isozaki desenvolveu um projeto urbanista para o bairro de Shinjuku, em Tóquio. Com toques futurísticos, o projeto chamado City in the Air é composto por camadas de edificações, residências e meios de transportes elevados em níveis acima do solo. Segundo o arquiteto, sua visão é uma resposta à rápida taxa de urbanização dos grandes centros mundiais. No entanto, a ideia nunca saiu do papel.
Arata Isozaki também é conhecido por elaborar o conceito japonês de ‘Ma’, que define os espaços intermediários entre objetos: “No espaço entre som e som, há silêncios, pausas. Isso é chamado de Ma. O espaço é importante; mas o espaço-entre é mais”, diz o arquiteto.
Prêmio Pritzker
A primeira edição da premiação ocorreu em 1979, quando o estadunidense Philip Johnson recebeu a honraria. O Prêmio Pritzker celebra a obra de arquitetos que tenham contribuído significativamente com o desenvolvimento de sociedades ao longo dos anos pro meio de projetos de arquitetura e urbanismo.
Arata Isozaki é o 46º no geral e o 8º japonês a obter o reconhecimento. A cerimônia de entrega da edição 2019 acontecerá em maio, na cidade de Paris (França), e será acompanhada por uma palestra pública.
Dois brasileiros já foram homenageados pelo Prêmio Pritzker: Oscar Niemeyer, em 1988, e Paulo Mendes da Rocha, em 2006.
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