Iniciativa Anfacer + Sustentável visa colocar o tema como vetor estratégico do setor de revestimentos. Programa será lançado durante a Expo Revestir 2019.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmicas para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres – Anfacer – está prestes a lançar um programa com o objetivo de estimular e orientar a gestão para o desenvolvimento sustentável no segmento. Intitulado Iniciativa Anfacer + Sustentável, ele será lançado oficialmente durante a Expo Revestir, que acontecerá entre os dias 12 e 15 de março, em São Paulo (SP).

De acordo com Antonio Carlos Kieling, superintendente da Anfacer, o programa vem sendo desenvolvido desde 2016 e, além de contribuir para a melhoria da gestão das empresas, atende à demanda crescente do mercado green building, bem como contribui para uma maior participação da cerâmica brasileira no mercado internacional. “A Iniciativa vai oferecer mais valor para a indústria da construção no País”, afirma.

Já existia dentro da Anfacer, entre profissionais e conselheiros, a discussão e interesse na incorporação do tema sustentabilidade de forma setorial. Também houve um crescimento das certificações ambientais que fizeram com que o setor se preocupasse em ter as informações pertinentes.

“Além disso, no comitê da ISO de revestimentos cerâmicos (ISO TC189) foi aberto um grupo de trabalho para a criação de uma Norma Internacional de Sustentabilidade para revestimentos cerâmicos. Desta forma, a Anfacer começou a estruturar seu programa, que teve início em avaliar a demanda do mercado green building e de um panorama da indústria para a participação efetiva na ISO”, comenta Amanda Neme, engenheira química e coordenadora da Iniciativa Anfacer + Sustentável.

expo revestir é promovida pela anfacer
Campinas Decor – Expo Revestir 2018. A feira é promovida pela Anfacer. Foto: Divulgação/Anfacer.

A Iniciativa foi estruturada em duas grandes fases: a primeira focada em uma comunicação transparente, favorecendo o mercado de construção sustentável; e a segunda tem o objetivo macro de promover o desenvolvimento sustentável do setor. Iniciando esta etapa no engajamento e capacitação da indústria.

Inovações tecnológicas

A tecnologia vem aumentando a produtividade e competitividade setorial. Porém, ainda são mudanças em inovações incrementais. Por exemplo, em robótica, espera-se que novos estudos possam colaborar com inovações disruptivas a caminho das demandas e desafios da sustentabilidade no setor de revestimentos e da construção civil.

“Quanto à tecnologia vale destacar que o setor vem acompanhando e espera que haja avanços tecnológicos no sentido do revestimento cerâmico ter multifunções, como o de células fotovoltaicas, agentes purificadores do ar, sensores incorporadores, permitindo funções inteligentes. Também vem engajando o setor e atuando no desenvolvimento da Indústria 4.0”, afirma Neme.

As inovações para revestimentos podem ser divididas em inovações tecnológicas no processo fabril e inovações em sistemas construtivos com revestimentos cerâmicos. Na primeira se destacam as melhorias em equipamentos e tecnologia. “O Brasil tem hoje um dos parques fabris mais modernos do mundo, com excelentes desempenhos de eficiência, o que reduz as perdas e consumos de recursos, tornando-o mais sustentável”, diz Amanda.

Além disso, a tecnologia HD de impressão na cerâmica permitiu um avanço na qualidade de imagens, o que possibilitou a substituição mais fiel de pedras e rochas raras na natureza.

Também existem vários produtos de destaque com incorporação de resíduos de outros setores, como lâmpada, louças, entre outros. Por último, a incorporação nanotecnológica de dióxido de titânio na superfície da cerâmica, torna o revestimento um agente despoluidor, reduz bactérias e odores, além de aumentar a facilidade de limpeza, diminuindo o impacto ao longo de sua vida útil.

Quanto aos sistemas construtivos, já há um bom número de empresas no setor com opções de sistemas sustentáveis em cerâmicas como fachada ventilada, que permite a redução de até 50% da carga térmica de uma edificação.

“Também há pisos elevados, com a vantagem de não ter enchimento da base, de passar fiação, drenos e a possibilidade de reúso e pisos drenantes, possibilitando um produto durável e com qualidade diferenciada somada a não impermeabilização do solo, permeando a água da chuvas e riscos de enchentes”, ela diz.

Veja também: Saiba o que esperar da Expo Revestir 2019, maior feira de revestimentos

Expo Revestir 2016
Expo Revestir 2016. Foto: Divulgação/Anfacer.

Sustentabilidade como foco de decisão

Ao longo do processo de criação da Inciativa Anfacer + Sustentável, a associação da categoria contou com a ajuda de consultorias. Houve diálogos entre outros setores com experiências semelhantes, além do incentivo da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) com recursos que permitiram contratações de especialistas para análises e diagnósticos prévios.

Para Amanda Neme, as análises e decisões hoje são desequilibradas para o lado econômico e as métricas de valoração dos impactos sociais e ambientais devem ser desenvolvidas para ponderar as decisões no segmento de cerâmicas e revestimentos. Atuar com investimentos e direcionar as inovações para as demandas da sustentabilidade podem favorecer a indústria e torná-la ainda mais competitiva.

“Existem hoje vários cases empresariais que demonstram que inserir a sustentabilidade no plano de negócio é lucrativo. A percepção social está cada dia mais latente, os riscos com questões ambientais podem destruir a imagem de um setor. Logo, não há mais dúvida se vale a pena. Incluir a sustentabilidade como um todo nas decisões empresarias é uma questão de perenidade”, afirma a coordenadora da Iniciativa Anfacer + Sustentável.

De acordo com a Anfacer, o setor já reduziu as emissões com a troca da matriz para o gás natural. A indústria cerâmica tem uma grande dependência de energia e procura direcionar maiores esforços na redução desta dependência, somado a estudos de novas opções energéticas. A associação apresenta um case nacional de uso do Gás Natural Renovável, em parceria com a empresa de distribuição e geração do Ecometano, que visa promover maior eficiência no consumo do gás natural e de estudar alternativas energéticas para o setor nacional.

Amanda Neme considera que ainda hoje é difícil para o consumidor final enxergar o impacto da sustentabilidade na hora de adquirir um produto e ter conhecimento para esta escolha ser consciente.

“O setor industrial deve promover acesso a esses diferenciais. Ao mesmo tempo, o consumidor está rodeado de informações conflitantes. Isso prejudica este consumo, mas tende a diminuir, bem como tende a aumentar a informação correta e acessível. Acho que em relação aos revestimentos cerâmicos, o ponto mais avaliado está em perdas na paginação. Pede-se que avalie a escolha de formatos geométricos que favoreçam menores perdas de acordo com a planta. Outro fato relevante é escolher produtos corretos ao local de uso para garantir a vida útil elevada do revestimento”, conclui Amanda.

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