Espaço projetado pela arquiteta Mariana Crego recebeu certificação AQUA-HQE durante a Casa Cor São Paulo 2017 e foi um dos mais visitados daquela edição.
A Casa Sustentável, projeto da arquiteta Mariana Crego, foi o grande destaque da 31ª edição da Casa Cor São Paulo, realizada em 2017. A casa atendeu todos os requisitos do referencial residencial da Fundação Vanzolini e recebeu a certificação AQUA-HQE tanto para o projeto quanto para a construção.
O maior desafio se deu com a construção dentro de um evento de grande porte, ou seja, que já nasceu em um espaço temporário e seria desmontada posteriormente. A construção visou ter o menor impacto e geração de resíduos possíveis, trabalhando não só com uma arquitetura eficiente, mas, também, com um método construtivo que permitisse a desmontagem e transferência para outros locais.
“A fundação foi feita com peças modulares de concreto, que depois foram facilmente retiradas do terreno e levadas para reaproveitamento. Com o intuito de chamar a atenção das pessoas para a procedência dos materiais e não apenas para a escolha do produto final – e também mostrar que o conceito de sustentabilidade é adaptável a diversos usos e gostos –, todos os materiais e texturas foram misturados, mostrando de que maneira cada um poderia ser considerado sustentável”, explica Mariana Crego.
A concepção da Casa Sustentável surgiu após uma visita da arquiteta à Tailândia. A cultura do país, que preza pela espiritualidade e integração com a natureza foi que chamou a atenção de Mariana, virando a base para a criação do projeto na Casa Cor São Paulo 2017. O uso da madeira de reflorestamento como método construtivo foi uma das escolhas que caracterizaram o espaço, justamente por trazer este aspecto de meio ambiente para o lado interno da Casa.
“Ela foi toda feita em madeira. As peças chegaram prontas na obra, permitindo sua construção e decoração em um total de apenas 16 dias. A madeira percorreu um caminho de menos de 400 km para chegar à obra e recebeu tratamento a base d’água”, diz Mariana.
Veja também: O DNA sustentável de Mariana Crego
Confira algumas ações sustentáveis.
Sítio e construção: A construção acompanha a topografia do terreno, sem deixar de respeitar o posicionamento da árvore já existente no espaço – fazendo, até mesmo, uso deste recurso no projeto. A estrutura principal de madeira de reflorestamento foi desenhada de maneira delicada e discreta, a fim de se misturar com as plantas do jardim. Em relação ao canteiro de obras, um ponto importante foi a demarcação da vegetação nativa do local a ser preservada, além de manter uma organização eficiente para evitar perdas e sobras de materiais. .
Eficiência no uso de água: O projeto adotou um sistema de captação de águas pluviais, sendo que o volume era armazenado em reservatórios especiais que cabiam dentro da fachada da edificação. Produtos de linha econômica tiveram preferência durante as escolhas. A bacia com caixa acoplada e o chuveiro com entrada de ar, o qual aumenta a pressão dos jatos de água também permitiram a redução no uso.
Energia e atmosfera: Foram usadas diversas soluções, como placas fotovoltaicas, vidros especiais e proteção das fachadas com maior insolação por meio de elementos arquitetônicos, como brises e beiral. Também foi feita uma prateleira interna – chamada de light shelv – que reflete a luz que entra para o teto, na direção das aberturas superiores, evitando que a temperatura da casa seja elevada. Aquecedor solar para água, telhado verde para diminuir o calor proveniente do telhado, fachadas com aberturas para circulação do ar são pontos que proporcionaram menor uso de ar-condicionado, assim, economizando energia elétrica.
Gestão de resíduos: A Casa Sustentável foi projetada para gerar zero resíduo, tanto na montagem quanto na desmontagem. Um dos processos implantados foi fotografar tudo que chegava à obra para poder comprovar na auditoria ambiental, além de separar imediatamente embalagens e pequenos resíduos.
Conforto ambiental e saúde: Qualidade do ar, utilização de materiais de baixa agressão e conforto provido por recursos naturais foram pontos vitais, que, para isso, explorou ao máximo a iluminação e ventilação natural. A integração com um paisagismo não tóxico e não alergênico também foram preocupações para melhorar a qualidade ambiental. A acessibilidade respeitou passagens mais largas para pessoas com deficiência.
Veja também: Casa Sustentável Leroy Merlin aplica soluções sustentáveis para o dia a dia
Casa Cor 2019
A maior mostra de arquitetura, design de interiores e paisagismo será realizada em 27 locais no Brasil e na América do Sul ao longo de 2019. A edição de São Paulo, a mais importante de todo o calendário, acontece de 21 de maio a 28 de julho. Veja o calendário completo neste link.