Espaço no Hospital das Clínicas foi projetado para ser área de convívio, aprendizado e contribuir no restabelecimento da saúde de crianças e adolescentes.


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Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas
Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas, em São Paulo (SP). Foto: José Luis da Conceição.

O projeto de um Espaço de Humanização para o Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da FMUSP (ICr) surgiu de uma necessidade mútua de todos os atores do empreendimento, que convivem diariamente com a realidade do tratamento de doenças raras e crônicas.

O ambiente foi projetado para ser uma área de convívio, aprendizado e introspecção, contribuindo no restabelecimento da saúde como um todo no Hospital das Clínicas. A responsabilidade do projeto foi do escritório Luciani e Associados Arquitetura, das arquitetas Andressa Hernandez e Mirtes Luciani

O ICr é um hospital de alta complexidade, que possui infraestrutura técnica e procedimentos médicos comparáveis que os torna referência nacional e internacional. Já são mais de 40 anos de atuação, onde são realizados 18 mil atendimentos/mês. Por se tratar de um hospital, teve-se o cuidado por optar por um sistema construtivo leve e industrializado, a fim de não interferir na dinâmica dos demais ambientes durante as obras.

Neste caso, mais do que necessário, era uma obrigação se atentar ao desempenho dos aspectos ligados ao conforto e à saúde dos usuários, além de mitigar o consumo de recursos naturais.

Há uma importante questão social por trás deste projeto, que adota práticas internacionais de humanização em espaços hospitalares, em especial, para crianças e adolescentes. Veja os diferenciais sustentáveis, que garantiram a certificação AQUA-HQE de pré-projeto e projeto.

Eficiência no uso de água

O reúso de água das chuvas é um dos pontos altos do projeto, visto que a cidade de São Paulo sofre com as decisões equivocadas de impermeabilização desmedida, responsável por enchentes. A contenção do volume pluvial é feita em reservatório de até 1 mil litros distribuídos pelas áreas comuns do projeto e utilizada para irrigação. A redução do consumo de água não potável é de 28%. O projeto também buscou a utilização racional do recurso por meio da instalação de metais sanitários com dispositivos economizadores e jardins auto irrigáveis na cobertura. A redução no consumo de água para uso sanitário é de 42%.

Energia e atmosfera

O projeto conta com soluções passivas para minimizar a demanda de energia, tais como: concepção bioclimática do edifício; otimização da envoltória com uso de proteções solares móveis nas superfícies envidraçadas, o que reduz ganhos térmicos; otimização da iluminação natural; e adoção de ventilação cruzada.

Foram adotadas soluções ativas de eficiência energética: controle de iluminação artificial setorizado conforme disponibilidade de iluminação natural; uso de lâmpadas e luminárias LED; iluminação artificial com densidade de potência instalada reduzida ao mínimo necessário para conforto, atendendo ao nível A do Procel; iluminação externa com sensor de luminosidade; limitação do uso de resfriamento artificial apenas nos ambientes de escritório; dispositivo de acionamento do sistema de resfriamento artificial conectado aos sensores de temperatura; equipamentos de resfriamento artificial que atendem ao nível A do Procel; equipamentos eletromecânicos como bombas hidráulicas e motores elétricos atendendo à etiquetagem de eficiência energética; sistemas de energias renováveis in loco, como a captação de energia solar para aquecimento da água dos chuveiros e demais equipamentos do interior da edificação.

Segundo a simulação termo-energética realizada, o consumo de energia primária teve uma redução de 56% em relação ao edifício referência. Além disso, 49% do consumo energético anual serão cobertos por energias renováveis. As gerações de CO2 e SO2 caíram 56% cada em relação ao baseline.

Conforto ambiental e saúde

Para a qualidade interna do ar foram feitas as seguintes medidas: assegurar vazões de ar adequadas às atividades e modulação das vazões de ar em função das taxas de CO2. Estes itens serão assegurados através de um sistema de ventilação mecânica, que foi projetado para complementar à ventilação natural quando necessário. Há um esforço na busca de produtos com baixo conteúdo de COV que atendam aos parâmetros da certificação.

Já a estratégia de conforto térmico através de ventilação natural foi validada por uma simulação termo-energética, por meio do método determinado pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE). Combinando a concepção bioclimática do edifício, o uso de ventilação cruzada e as proteções solares móveis, o projeto garantirá que, pelo menos em 80% das horas ocupadas, os usuários terão níveis de conforto térmico assegurado de forma natural.

O projeto ainda contou com uma consultoria para validar o desempenho acústico dos elementos construtivos e propor soluções que garantem os níveis de conforto, assim, as vedações internas e externas foram projetadas com elementos de isolamento acústico e os pisos, tanto do pavimento principal quanto da cobertura, atenuando os ruídos de impacto.

O conteúdo completo desta matéria poderá ser conferido no Green Yearbook 2018 – Certificações e Sustentabilidade no Brasil. Acompanhe o Going Green Brasil para mais conteúdos exclusivos do Anuário nos próximos dias. Para saber como participar envie uma mensagem pelo e-mail info@goinggreen.com.br.
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