Economia pode chegar a 20 mil litros de água por dia, apenas com reúso das gotas criadas a partir da condensação. Outras tecnologias agregam mais sustentabilidade ao edifício.
Um sistema inédito em Goiás capta e reutiliza a água que goteja nos drenos dos aparelhos da central de ar-condicionado. O volume é armazenado em um reservatório onde é filtrado e direcionado para diversos usos do condomínio, formando um eficiente ciclo de reciclagem do recurso natural. Isso só é possível por causa da robustez do projeto arquitetônico do Órion Business & Health Complex, no Setor Marista, em Goiânia, inaugurado em 2017. A condensação do ar-condicionado do mixed use, com 191 metros de altura, poderá chegar a 20 mil litros por dia, considerando o empreendimento em sua plenitude.
A água é aproveitada para uso na limpeza do prédio e manutenção das plantas, gerando uma economia para a natureza e para os condôminos. “Só a irrigação de jardins no Órion consome cerca de 35 m³ por dia”, informa o engenheiro civil e um dos sócios do Órion Complex, Frank Guimarães, ao lembrar que normalmente este gotejamento é desperdiçado. “Fazemos o reúso e deixamos de consumir água tratada que serve a mais pessoas”, diz. Para efeito de comparação, essa economia é suficiente para suprir a necessidade diária de 134 pessoas, tendo em vista o cálculo da Agência Nacional de Águas, para quem cada pessoa consome no Brasil, em média, 150 litros de água por dia.
Captação de água das chuvas
O arranha-céu também possui um segundo sistema que recolhe e armazena a água da chuva que cai sobre as lajes impermeabilizadas nos períodos chuvosos, quando já chegou a reter 35 m³ por dia. A economia com água no edifício, considerando a captação do ar-condicionado e da chuva, pode atingir até 25% ou 30%, dependendo da estação do ano. “O projeto estrutural do Órion Complex foi todo concebido levando esse conceito de economia de recursos”, comenta Frank. Dois tanques, com capacidade de 16.800 litros e 35.700 litros, respectivamente, são usados nesses processos.
O engenheiro civil acrescenta, em relação à captação pluvial, que o lençol freático também pode ser beneficiado com esse mecanismo. É que quando os reservatórios estiverem cheios, com água sobrando, o volume excedente será direcionado para os chamados tanques de infiltração, que fazem com que a água retorne ao lençol freático, de forma suave.
Economia de eletricidade
Frank comenta que o sistema de ar-condicionado leva também a uma economia de até 40% na energia elétrica. Por ser dotado de inteligência artificial e mecanismos de última geração, o aparato consegue medir a demanda dentro do edifício para acionar o número exato de bombas hidráulicas necessários para atender à necessidade do momento. Se, por exemplo, o clima do dia favorece um ar mais fresco e o número de pessoas dentro do prédio não gera tanto calor na hora, o sistema, ao invés de acionar as três bombas, vai ligar apenas uma ou duas, ou mesmo diminui a frequência de rotação das bombas, conforme o necessário para garantir o conforto térmico no interior do complexo. Outro fator que auxilia na economia é a redução da carga de trabalho no sistema gerada pelos “Shadow Box”, ou caixa de sombras, que estão atrás dos vidros que recobrem a fachada do Órion. Eles conseguem reter os raios solares que batem no prédio, diminuindo a temperatura em seu interior.
O Órion Complex é um conjunto de empreendimentos, sendo a maioria deles segmentado na área da saúde. Além de 673 clínicas médicas e salas comerciais, o mixed use conta com um shopping especializado na área da saúde e um hotel de luxo, de bandeira Clarion, equipado com 160 acomodações. O complexo imobiliário inaugurou em 2019 um hospital de alta complexidade, com 240 leitos em apartamentos de alto padrão, sendo o primeiro hospital geral privado de Goiânia. A estimativa dos sócios do edifício é que 12 mil pessoas circulem diariamente pelo Órion, quando todas as operações estiverem em funcionamento.