Pisos drenantes são instalados em áreas externas de edificações para gerenciarem o fluxo de águas pluviais. Solução combate formação de enchentes.
Enchentes se tornaram uma cena comum em diversas cidades brasileiras nos últimos anos, como o caso mais recente que aconteceu na última sexta-feira (23) em Santo André (SP). A impermeabilidade do solo é apontada como um dos grandes problemas da construção sustentável por arquitetos e demais profissionais deste setor, no entanto, engana-se quem pensa que essa é uma situação restrita aos processos de cimentação e asfaltamento de ruas ou calçadas. A construção de edificações também deve se preocupar com o assunto.
Um solo impermeável perde a sua capacidade de absorção de água. Isso ocorre justamente por se formar uma barreira sobre o solo, impedindo que a água seja levada ao lençol freático e acumulando-a sobre a superfície. Uma solução eficaz para combater o problema é o uso de pisos drenantes e permeáveis, que são fabricados justamente para permitirem que a água seja drenada com facilidade, passando totalmente por ele e chegando ao solo.
Como a principal característica dos pisos drenantes é a capacidade de permeabilidade, o seu uso é destinado para áreas externas de edificações, a fim de gerenciar o volume de águas pluviais de modo eficaz. “Todos os projetos que visam à sustentabilidade, tanto da edificação quanto das cidades, devem especificar o uso de pisos drenantes. Para poder especificá-los nos projetos, é preciso conhecer suas vantagens. Em um edifício, é possível prever um sistema de gestão das águas pluviais e, assim, economizar gastos com esse recurso”, diz Gabriela Bastos Porsani, arquiteta responsável pelo departamento de projetos da Ecoplate Pisos.
Portanto, a solução se torna uma peça importante e bastante recomendada para empreendimentos que procuram reduzir os custos com recursos hídricos. “Os pisos drenantes são instalados em ambientes externos, de modo que as águas pluviais os permeiem e sejam encaminhadas aos reservatórios inferiores. A partir disso, podem ser reutilizadas como água cinza, no setor de limpeza e para irrigar a vegetação da edificação”, completa Gabriela.
O mesmo conceito de gestão das águas da chuva deve ser aplicado ao desenvolvimento do meio urbano. Afinal, esta seria uma ferramenta que traria algumas soluções para o problema de enchentes nas cidades brasileiras. “Quando utilizados em calçadas, eles possibilitam que as águas pluviais penetrem e sejam direcionadas ao solo, lençóis freáticos ou reservatórios inferiores com o objetivo de reúso. O uso de pisos drenantes nas cidades reduz o escoamento superficial das ruas, diminuindo o risco de alagamentos e poluição hídrica, os quais são agravados por superfícies impermeáveis”, afirma Gabriela.
Além deste ponto, os benefícios sustentáveis também estão presente no que diz respeito à mitigação do efeito de ilha de calor, trazendo um bem-estar maior para os moradores daquela região ou usuários da edificação. Vale dizer que estes produtos têm custos baixos tanto no momento de compra quanto em instalação e manutenção.
Tipos de pisos
Vale destacar que existem dois tipos de pisos que permitem a permeabilidade da água: drenantes e permeáveis, conforme explica a arquiteta. “A diferença entre os pisos drenantes e os permeáveis é o meio da passagem de água: nos primeiros, a água penetra por toda a superfície do piso, enquanto no segundo tipo ela escoa pelos espaços entre as peças e em aberturas no design do produto.”
Ou seja, quando os produtos de modelo permeável são colocados no solo, eles acabam deixando um espaço mínimo entre uma unidade e outra, justamente para que a água possa escorrer nesta abertura e chegar ao solo. Dessa forma, os pisos drenantes são considerados mais eficazes como um todo, uma vez que este tipo de produto é 100% permeável.
A Ecoplate trabalha com dois modelos de pisos drenantes e um permeável – não drenante. No caso dos drenantes, eles são preenchidos com materiais permeáveis como bica corrida, grama e pedriscos após a instalação. Já o modelo permeável da empresa possui – além dos espaços entre as peças instaladas de modo intertravado – aberturas na sua superfície, as quais permitem que a água passe por elas também. Segundo Gabriela, foram realizados testes que comprovam que ambos são 100% permeáveis.
Por fim, a matéria-prima utilizada nos produtos também é um ponto importante. “Primeiro por serem recicladas, e, segundo, porque os pisos aos serem devolvidos à empresa, por defeito ou descarte, podem voltar ao ciclo de produção, gerando novas peças”, afirma a arquiteta. Os pisos são produzidos com Polietileno de Alta Densidade 100% reciclado e apresentam uma grande resistência à compressão, sendo indicados para áreas de baixo e alto tráfego de pessoas.
Base para instalação
A instalação dos pisos drenantes costuma ter um processo rápido e fácil de ser realizado, principalmente por se tratarem de materiais leves e que não demandam uma grande mão de obra e para tal. No entanto, Gabriela alerta para o preparo da base e sub-bases, que exigem mais atenção e podem determinar se o piso resistirá ao tráfego por um longo tempo.
“É preciso nivelar e compactar levemente o solo, abrir as valas de drenagem – caso seja feito um sistema de gestão das águas pluviais – e delimitar onde serão instaladas as contenções de concreto. Em seguida, deve-se aplicar a camada de sub-base que, normalmente, dará mais resistência a todo conjunto segundo o tráfego (baixo, médio, alto). Após a sub-base, é necessário instalar a base permeável e a camada de assentamento permeável, com o material ideal para cada modelo de piso. Por fim, instalar os pisos permeáveis. Em seguida à finalização da instalação, deve-se compactar todo o sistema e rejuntar com areia onde houver necessidade”, explica.
A durabilidade deste tipo de produto é alta. No caso dos pisos produzidos com plástico, eles têm vida útil de 10 anos no mínimo, com uma baixa necessidade de manutenção – desde que respeitando o seu nível de compressão. Outra característica interessante é que não há a possibilidade das superfícies dos produtos se tornarem impermeáveis por acúmulo de sujeira ou de materiais mais grossos ao longo do tempo. Porém, devem-se levar em consideração os insumos utilizados para preencher as células e sobre os quais os pisos são instalados.
“Caso se verifique que a permeabilidade da instalação está menor que o mínimo exigido pela norma (10<-5 m/s), é preciso varrer a superfície dos pisos, a fim de remover o material mais grosso que está reduzindo a permeabilidade ou utilizar água sob pressão para retirar o material mais fino que entope os poros”, afirma Gabriela.
De acordo com ela, os pisos drenantes e permeáveis são mais vantajosos em relação aos custos dos pisos tradicionais, tanto em curto quanto em longo prazo. “Ademais do valor financeiro, há também benefícios como o reaproveitamento das águas pluviais, os quais exigirão menos gastos com o uso deste recurso. Além do baixo índice de manutenção e da alta durabilidade, que garantem investimentos que não precisarão ser trocados rapidamente. Portanto, este tipo de produto possui características do futuro das edificações: a sustentabilidade urbana e do meio ambiente”, finaliza.