Programa de Logística Verde Brasil lança manual de boas práticas para transportes de carga. Documento complementa o Guia de Referências em Sustentabilidade.
Uma das principais metas das empresas é alcançar um desenvolvimento sustentável, ou seja, operar com excelente eficiência enquanto minimiza os seus impactos ao meio ambiente. É pensando neste conceito que o Programa de Logística Verde Brasil (PLVB) – iniciativa estratégica de um grupo de empresas privadas – lançou o Manual de Aplicação: Boas Práticas para Transportes de Carga, com o objetivo de implantar medidas socioambientais e aprimorar as atividades no setor de logística.
A iniciativa ocorre um ano após o PLVB ter lançado o Guia de Referência em Sustentabilidade: Boas Práticas para o Transporte de Carga, que traz 22 boas práticas capazes de contribuir para o aumento da eficiência e da sustentabilidade no que diz respeito ao transporte de cargas. Assim, o Manual de Aplicação é um complemento ao Guia, funcionando como um mapa para escolha, aplicação, avaliação e relato das boas práticas por meio do planejamento e execução de procedimentos estruturados.
De acordo com Márcio D’Agosto, coordenador técnico do Programa de Logística Verde Brasil, as orientações têm funções específicas e são úteis para o desenvolvimento sustentável da atividade. “Nem todas as boas práticas se aplicam a todas as empresas, por isso, é preciso conhecê-las antes de aplicá-las. Cada caso é um caso e deve ser avaliado individualmente, seguindo as especificidades das empresas”, afirma.
Dependência de combustíveis fósseis
A publicação surge em um contexto no qual é importante diminuir os custos de transporte e garantir a segurança energética através da redução da dependência de combustíveis fósseis – fonte de energia não renovável e altamente prejudicial ao meio ambiente. Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), 29% do consumo dos combustíveis derivados de petróleo são provindos da categoria de transportes (dados de 2013). Ela também é uma das que mais contribui para a emissão de gases de efeito estufa (GEE), com crescimento de 2,3 vezes nos últimos 40 anos, contribuindo negativamente para o aquecimento global. No Brasil, dados divulgados pelo PLVB mostram que os transportes respondem por 69% do consumo de petróleo e gás natural e por 13,8% das emissões de GEE.
“Um dos grandes desafios das empresas para o século XXI é serem sustentáveis e, simultaneamente, eficientes na maneira como operam sua logística e demais atividades, sem que isso impacte sua economia. A criação deste manual visa assegurar a aplicação correta de práticas que persigam este objetivo”, destaca Márcio. Vale lembrar que recentemente o País passou por uma greve de caminhoneiros devido aos altos custos de combustíveis fósseis que abriu uma discussão sobre o incentivo e uso de biocombustíveis. “Os biocombustíveis são fontes de energia renováveis e ajudam a reduzir as emissões de uso final de gases de efeito estufa, dentre os quais o dióxido de carbono (CO2), principal oriundo da queima de combustíveis”, explica o coordenador técnico do Programa.
Resultados positivos
O Manual de Aplicação: Boas Práticas para o Transporte de Carga é um documento de fácil assimilação, já que foi desenvolvido em sintonia com as atividades que as empresas do setor já praticam em suas vidas corporativas e na operação logística cotidiana.
Segundo Cíntia Oliveira, coordenadora técnica do Programa de Logística Verde Brasil, o emprego correto destas ações pode contribuir para a economia da atividade, além de reduzir o consumo de energia, melhorar o nível de serviço, diminuir acidentes e a emissão de gases de efeito estufa, de poluentes atmosféricos e do consumo de recursos naturais como água, por exemplo.
“Em 80% dos casos, as boas práticas apresentadas no Manual de Aplicação levam ao ganho de eficiência operacional, o que não só implica na redução dos custos, mas, também, os tempos de operação e aumentam a segurança, confiabilidade, flexibilidade e capacidade da operação”, afirma Cíntia.
Em comparação, uma situação hipotética avaliada de transferência modal do transporte de carga do modo rodoviário – o mais usado em todo o mundo – para o ferroviário levou a uma redução de 40% nos custos operacionais, ao mesmo tempo em que proporcionou 47% de redução no uso de energia e 50% na redução da emissão de dióxido de carbono.
O cenário mostra como as boas práticas sustentáveis devem capacitar operadores logísticos e de transportes em suas atividades, aprimorando a eficiência e combatendo impactos ao meio ambiente. Por exemplo, o treinamento de motoristas tem potencial de reduzir o consumo de combustível, o que acarretará na diminuição de emissão de gases de efeito estufa – em particular o dióxido de carbono – e de poluentes atmosféricos. É possível obter 5% de reduções médias em relação ao consumo de combustível apenas seguindo as boas práticas.
Vale destacar que as atividades logísticas são fundamentais para os resultados econômicos das empresas, representando de 7% a 9% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial e cerca de 12% do PIB brasileiro.
Disponível para download
O Programa de Logística Verde Brasil ainda tem a ideia de oferecer um certificado oficial para as empresas que atendem aos critérios de sustentabilidade do transporte de carga. Para isso, é necessário que a empresa conheça e saiba aplicar as boas práticas seguindo a sequência de conhecer o Guia, utilizar o Manual e relatar os resultados para avaliação. “O Selo Verde servirá para certificar empresas embarcadoras, transportadoras e operadores logísticos que atenderem a um conjunto de requisitos que ainda estão sendo estabelecidos”, diz Marcio D’Agosto, coordenador técnico.
A versão eletrônica do Manual de Aplicação: Boas Práticas para Transportes de Carga esta disponível para download gratuito no site oficial do PLVB. Na página, é possível descobrir como fazer parte do Programa e ficar por dentro dos treinamentos oferecidos. As empresas membro participam de um fórum de discussão mensal sobre logística verde no Brasil e podem participar de reuniões periódicas para estabelecer ações prioritárias e novos caminhos.