Startups voltadas para o mercado de construção – construtechs – apostam na tecnologia para impulsionar o desenvolvimento do setor e se tornam fator-chave para o crescimento da produção.
O desenvolvimento tecnológico caminha a passos largos em direção a um futuro que chega cada vez mais rápido ao nosso cotidiano. Em pouco tempo, os avanços do mundo digital tomam conta de uma grande parcela dos setores econômicos, os quais atuam com o apoio de soluções digitais. No caso dos segmentos de construção civil e imobiliário, as construtechs são as responsáveis por trazer inovação para o mercado quando o assunto é tecnologia digital.
Construtechs são startups que buscam soluções para os problemas da cadeia de construção por meio de bases tecnológicas. Este tipo de negócio não necessariamente desenvolve um aplicativo como produto, mas sim, aplica a tecnologia para otimizar processos e atividades. Outra característica das construtechs é criar um modelo que possa ser reproduzido em qualquer escala e de maneira repetível.
De olho neste crescente nicho do mercado, a Construtech Ventures – primeiro venture builder do mundo focado nos setores imobiliário e de construção – trabalha em prol do desenvolvimento das startups, tendo como missão multiplicar e impulsionar o empreendedorismo de base tecnológica. A empresa atua em todas as etapas do desenvolvimento de construtechs, desde a identificação de fundadores e profissionais, investimento, co-criação, prototipação, validação e lançamento ao mercado de produtos e serviços inovadores para a cadeia de construção.
Para Bruno Loreto, CEO da Construtech Ventures, as construtechs têm o poder de resolver grandes desafios de moradia e infraestrutura no Brasil e no mundo. Hoje em dia, as maiores demandas do mercado estão no ganho de produtividade e de eficiência, redução do impacto ambiental e combate à corrupção e à falta de transparência. “Estas iniciativas podem impactar positivamente a cadeia produtiva destes setores, tornando etapas ao longo de todos os elos da cadeia mais eficientes, gerando conhecimento e informação para melhoria contínua, reduzindo custos, tempos de execução, aproveitamento de recursos, entre outras oportunidades”, afirma o executivo.
Segundo Bruno, este é o momento certo para investir em processos digitais e que se sustentam por meio da tecnologia. “Estamos diante de uma oportunidade de fazer história na construção. Se formos capazes de reproduzir no setor o que o ocorreu em outras indústrias – como na automotiva, que em 20 anos aumentou em quase 100% sua produtividade com adoção de novas tecnologias –, uma nova era vai emergir nos setores de construção e imobiliário.”
Tendência de crescimento
Na teoria tudo parece muito promissor e, de fato, o crescimento em investimentos nessa área é real. A Construtech Ventures realizou um mapeamento das construtechs e proptechs no Brasil e, na primeira edição, identificou mais de 250 negócios. Um dado interessante mostra ainda que cerca de 60% destes projetos foram criados recentemente – possuem até cinco anos de vida – e que uma parcela menor do que 10% das iniciativas já possuem uma escala maior de estabilidade.
No entanto – levando em conta a importância do setor de construção, uma vez que ele representa 6,2% do PIB do País e cerca de 13% do PIB mundial –, é necessário ressaltar que ainda há muito trabalho pela frente já que o segmento é um dos piores em termos de adoção de tecnologia. O mais importante no momento é trabalhar a conscientização dos agentes, mostrando que o uso de soluções digitais vai impactar positivamente o trabalho de cada um e, em muitos casos, do cliente. Afinal, a gama de possibilidades de processos que podem ser otimizados com a ajuda de meios tecnológicos é ampla.
“Basicamente, aqueles processos que geram dados são os que podem ser digitalizados ou, até mesmo, já passaram por esta transformação. Eles podem ser processados e alavancados de forma mais inteligente, como, por exemplo, processos de vendas, acompanhamento de projetos, gestão de tarefas, comunicação, acompanhamento do trabalho, medição, prospecção de terrenos, compra, venda e aluguel de ativos, equipamentos, entre outros”, exemplifica Bruno Loreto.
Para Glauberty Blum, business developer da ZeroDistrato, existem centenas de iniciativas que pretendem mudar este quadro. Entre tantas inovações tecnológicas que vêm sendo ofertadas pelas startups, estão, por exemplo, projetos por meio do BIM (Building Information Modeling), realidade virtual, impressão de estruturas 3D, etc. Falar disso sem falar das construtechs é praticamente impossível. “Sem tecnologia e inovação, a construção civil permanecerá estagnada. Por isso, investir nas construtechs é importantíssimo para potencializar o setor”, afirma. “As startups vieram para ajudar e desenvolver melhorias para as diversas áreas da construção. Elas não são apenas o futuro, como também o presente. Vemos uma necessidade crescente nesta área e a adesão à tecnologia só tende a melhorar o funcionamento das empresas, tanto em questão de gestão, administração e controle”, completa o executivo da startup.
A ZeroDistrato oferece uma plataforma de inteligência artificial que consegue prever contratos que entrarão em distrato com até um terço do andamento da obra. O acerto da empresa é superior a 90% dos casos. Além disso, a solução também atua com a gestão da carteira, com um BI (Business Intelligence) para monitoramento dos resultados das ações de retenção. Dessa forma, é possível analisar a carteira da incorporadora ou urbanizadora e identificar os contratos com alto risco e, assim, montar planos de ação para evitar perdas. “Distrato de contratos de imóveis é um fenômeno que acontece de forma muito mais acentuada no Brasil do que nos mercados adjacentes. Logo o plano de escala da solução, em curto prazo, é focado no nosso País”, explica Glauberty. “A abordagem de Gestão da Carteira tem um apelo mundial, já que tanto as incorporadoras de mercados desenvolvidos quanto aqueles em desenvolvimento possuem a necessidade de fazer uma gestão ativa da sua carteira”, completa.
Aumento de produtividade
O atraso em adotar mais tecnologias às suas atividades faz com que o setor de construção possua baixos índices de produtividade e eficiência. De acordo com um estudo da consultoria McKinsey, a baixa produtividade gera altos custos anuais – cerca de 1,6 trilhão de dólares globalmente. A estimativa é de que o suporte de construtechs apoie o segmento a ter um crescimento produtivo semelhante a outros setores da economia. A produção poderia ser de cinco a 10 vezes mais eficiente em relação aos níveis atuais.
“A inovação tem uma capacidade de transformação que costuma transcender os limites de um uso específico ou de seu setor. É difícil mensurar o impacto completo de uma inovação. Mas o fato é que os problemas do setor são gigantes. De acordo com a McKinsey, são necessários 11 trilhões de dólares para se resolver o problema do déficit habitacional no mundo. Suponhamos que as soluções criadas por startups ajudem a melhorar em apenas 1% a produtividade do setor. Estamos falando de um impacto de 110 bilhões de dólares”, explica Bruno Loreto, da Construtech Ventures.
Outra solução no mercado de construtechs, o Stant proporciona aos envolvidos da obra um acompanhamento em tempo real de tudo que está acontecendo na construção. Com mais facilidade e rapidez na gestão, é possível se atentar ao que está sendo realizado de acordo com o planejamento, além de atender às exigências da área de qualidade. Tudo isso é feito por meios mobile e web, onde o aplicativo é a ferramenta usada para o controle, ocorrências e registro de todos os serviços e, na versão web, o cliente tem inúmeros relatórios para tomadas de decisões e planejamento.
“As inspeções e ocorrências são geradas diretamente pelo app, eliminando todos os formulários e documentos em papéis”, diz Marcelo Menezes, CFO do Stant. “Nossa solução garante que todos os serviços sejam realizados de acordo com as exigências das normas técnicas da empresa e com o ISO”, explica. Segundo o executivo, há uma redução significativa em desperdícios e retrabalhos.
Não há dúvidas de que tecnologia é um fator decisivo para esta transformação. “As soluções buscam constantemente melhorias e atendem as necessidades especificas para o mercado com o melhor custo x benefícios. Os resultados chegam de forma simples, rápida e com tecnologia de ponta para o segmento”, finaliza Marcelo.