Relatório global revela que países do G20 investiram mais em energias renováveis em 2017. França assume liderança do ranking e Brasil é oitavo.
O relatório Allianz Climate and Energy Monitor 2018 mostrou o mundo está apostando no desenvolvimento de energias renováveis. Diversos países do G20 – formado pelas 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia – tiveram avanços positivos em relação aos investimentos no setor em 2017. Contudo, os números ainda precisam ser maiores para atender às metas climáticas do Acordo de Paris.
Divulgado no fim de novembro pelo Grupo Allianz em parceria com a Germanwatch e o NewClimate Institute, o documento examinou a expectativa de investimentos e aqueles que de fato foram realizados para o crescimento da energia renovável em todos os países que compõem o G20.
“O desenvolvimento do setor é crucial para atingir as metas climáticas do Acordo de Paris. Esses desafios só podem ser enfrentados pelo engajamento e esforço conjunto de governos, empresas e sociedade civil”, afirma Katharina Latif, chefe de Responsabilidade Corporativa do Grupo Allianz.
O novo líder do ranking é a França, que subiu duas posições e tirou a Alemanha do topo – agora no segundo lugar. O Reino Unido fecha os três primeiros. Estas nações são responsáveis por conduzir o caminho que deve ser explorado em termos de políticas e ambientes de mercado. Ambos são critérios fundamentais para investimentos de longo prazo e projetos complexos como parques eólicos e solares.
“As energias renováveis na França, Alemanha e no Reino Unido se beneficiam de boas condições de mercado e de investimento em geral, bem como de um ambiente político altamente positivo”, diz o professor Niklas Höhne, diretor administrativo do Instituto NewClimate.
No entanto, ainda existem pontos fracos neste países com melhores resultados. “Os concursos franceses para novas fábricas, por exemplo, não tem licitantes suficientes; o investimento da Alemanha em eólica cairá devido às novas regras de leilão; e o mercado de energia solar no Reino Unido entrou em colapso após reformas políticas”, completa.
Estratégias de longo prazo
Entre os pontos que devem ser melhorados, é preciso desenvolver e implantar planejamentos de longo prazo de forma mais transparente e eficiente. Quase todos os integrantes do grupo – exceto os EUA – concordaram em limitar suas emissões de CO2 a zero até 2050, no entanto, apenas o Reino Unido aprovou um plano de longo prazo para descarbonizar seu sistema de energia.
Por outro lado, o mesmo não desenvolveu metas de curto prazo de energia renovável. Brasil, França e Alemanha têm metas renováveis de curto prazo, que contribuem para elevar as energias renováveis com rapidez suficiente para estar de acordo com o que é solicitado pelo Acordo de Paris.
O relatório Allianz Climate and Energy Monitor 2018 constata ainda que todos os países mostram espaço para melhorias em sua estrutura de políticas. “A questão não é se os países implementam políticas, mas como exatamente elas estão sendo implementadas”, diz Jan Burck, coautor da Germanwatch.
Os principais desafios são: políticas de suporte; aplicação insuficiente de uma política de suporte; políticas regressivas a vista ou em planejamento.
Brasil ocupa a 8ª posição
As principais melhorias no novo ranking foram protagonizadas por Brasil – que subiu da 13ª para a 8ª posição – e Itália – de 8º para o 4º lugar. Em 2017, o Brasil aumentou notavelmente suas adições de capacidade de energia solar fotovoltaica, crescendo a uma taxa similar a outras economias emergentes como Índia, Turquia e China.
De acordo com o relatório, o planejamento de instalações anuais de energias renováveis feito pelo Brasil é suficiente para estar em conformidade com as metas do Acordo de Paris. Outro destaque foi o sistema de leilões bem estabelecido e transparente para novos projetos fotovoltaicos de energia eólica e solar, além de contar com uma linha de crédito especial do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social) para projetos do tipo com conteúdo nacional.
Levando em consideração a meta do Acordo de Paris e as evoluções atingidas, o País é um dos que menos precisa investir em um sistema de energia renovável: cerca de 2,7 bilhões de dólares ao ano. Em contrapartida, a nação brasileira não possui uma estratégia de descarbonização de longo prazo em vigor.
China, Índia e EUA precisam aumentar investimentos
Na 9ª posição – perderam duas em relação ao ranking passado –, os EUA investiram apenas um terço do capital exigido – US$ 57 bilhões do total de US$ 158 bilhões – para se alinhar às metas do Acordo de Paris em relação às energias renováveis. As mudanças políticas reduziram o apoio federal aos programas de incentivo, o que ocasionou uma redução de novas instalações eólicas e solares em 2017.
A China, que ocupa a 5ª colocação, investiu mais do que o dobro se comparado com 2017. Neste ano, foram US$ 133 bilhões injetados no setor, porém, a demanda no país é maior – devido ao seu tamanho geográfico –, o que exige investimentos em torno de US$ 314 bilhões anuais.
Já na Índia (10ª no ranking), a expansão da energia solar dobrou, enquanto a energia eólica também registrou aumento. No entanto, os investimentos ainda não são suficientes. Até agora, o país atingiu apenas um mínimo dos US$ 160 bilhões anuais necessários para atender às metas climáticas do setor elétrico.